A AES Brasil (AESB3) enfrentou um começo de ano desafiador, registrando um prejuízo líquido de R$ 102 milhões no primeiro trimestre de 2024. Este resultado representa uma reversão em comparação com o lucro de R$ 60,4 milhões no mesmo período do ano anterior.
Receita e custos
Apesar do prejuízo, a receita líquida da empresa teve um aumento modesto de 5,4%, alcançando R$ 828 milhões. Contudo, os custos operacionais e despesas gerais também cresceram, atingindo R$ 193,1 milhões, um avanço de 19% em relação ao ano passado. Este aumento nos custos contribuiu para a erosão das margens e impactou negativamente o Ebitda da empresa.
Prejuízo da AES Brasil: performance operacional
A geração de energia da AES Brasil diminuiu, com uma queda total de 16,8% para 3,8 mil gigawatts-hora no trimestre. A maior parte dessa redução veio das fontes hídricas, que produziram 25,1% menos energia devido a chuvas abaixo da média. Em contrapartida, a geração eólica e solar apresentou melhorias, com aumentos de 9,7% e 5,4%, respectivamente.
Leia mais:
AES Brasil investirá pelo menos US$ 2 bi para produção de hidrogênio verde no Ceará
Perspectivas climáticas e impacto na geração
O CEO da AES Brasil, Rogério Pereira Jorge, destacou o impacto de um regime de ventos mais fracos, especialmente na região Nordeste. Além disso, um “período hídrico frustrado” contribuiu para uma redução no volume dos reservatórios. Com a expectativa do fenômeno La Niña no segundo semestre, a empresa antecipa mais desafios devido à possível escassez de chuvas na região Sul, o que pode impactar ainda mais a geração de energia.
Situação financeira
O endividamento líquido da empresa avançou 24,7% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 9,24 bilhões. A relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado aumentou para 5,64 vezes, refletindo um cenário de maior alavancagem financeira.
O que dizem os especialistas
Especialistas financeiros e analistas de mercado têm expressado preocupações sobre a performance da AES Brasil no primeiro trimestre de 2024. Segundo o banco JP Morgan, o Ebitda ajustado da AES Brasil ficou abaixo das expectativas devido à fraca performance dos parques eólicos. “Apesar das adições de capacidade no negócio eólico, o desempenho da energia eólica foi fraco, levando à erosão das margens e a uma contração do Ebitda numa base anual”, pontuou o banco norte-americano.
Além disso, José Simão, diretor financeiro (CFO) e de relações com investidores (DRI) da AES Brasil, aponta que a empresa está focada em manter uma trajetória decrescente de alavancagem, com a meta de atingir um múltiplo de dívida entre 3,5 vezes e 4 vezes no médio prazo. Este objetivo reflete um esforço para fortalecer a posição financeira da empresa em um cenário desafiador.