Funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) paralisam suas atividades hoje em 10 estados brasileiros. Essa ação é um prelúdio de uma possível greve por tempo indeterminado que pode começar em 10 de junho, caso as demandas dos servidores não sejam atendidas pelo governo.
Os estados afetados pela paralisação incluem Acre, Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Pernambuco. Segundo o sindicato Assibge, responsável pelos servidores do IBGE, essa mobilização pode levar a uma greve prolongada, começando no dia do aniversário do instituto, 29 de maio.
A paralisação busca chamar a atenção para várias demandas, incluindo a aprovação de um plano de reestruturação de carreira, reajustes salariais para trabalhadores temporários e a recomposição do orçamento do instituto, que foi severamente cortado nos últimos anos. O sindicato Assibge reporta que, desde 2014, o orçamento ajustado pela inflação reduziu em 28%, impactando diretamente a operação do IBGE.
No primeiro dia de paralisação, que serve como um ato simbólico, os trabalhos no IBGE podem ser afetados, dependendo da adesão dos servidores ao movimento. O sindicato alerta que, se a greve se estender por tempo indeterminado a partir de junho, os levantamentos e indicadores importantes produzidos pelo IBGE poderão ser comprometidos.
A Assibge destaca também a deterioração das condições de trabalho no IBGE, com atrasos nos pagamentos de contas de consumo e salários de funcionários terceirizados. A situação financeira precária do instituto tem forçado o uso de verbas externas voláteis para financiar levantamentos temáticos, uma prática que, segundo o sindicato, não é compatível com a necessidade de estabilidade para a estruturação de um sistema de informações robusto.
Além das paralisações, estão previstos atos de protesto em frente às sedes de superintendências e agências do IBGE em outros estados. Estas ações visam pressionar por negociações mais favoráveis com o Ministério de Gestão e Inovação, após negociações salariais recentes resultarem em nenhum aumento para a recomposição salarial em 2024.
Os servidores temporários, que compõem aproximadamente 60% da força de trabalho atual do IBGE, são particularmente afetados, ganhando cerca de um salário mínimo para desempenhar funções que, segundo o sindicato, deveriam ser ocupadas por servidores efetivos. Essa situação sublinha a urgência de uma reforma estrutural que não só melhore as condições salariais, mas também acabe com a precarização do trabalho no órgão.
A Assibge conclui que, apesar do diálogo com a presidência do IBGE e com os ministérios responsáveis, até o momento não há um plano concreto para resolver esses problemas. Os trabalhadores temporários, em particular, seguem sem perspectiva de reajuste, enquanto a instituição lida com as limitações de um orçamento cada vez mais restrito.