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Diante de impasse com UE, Brasil mira comércio no Sudeste Asiático

Alternativa ao acordo Mercosul-UE é buscada

Diante de impasse com UE, Brasil mira comércio no Sudeste Asiático
Registro de Cingapura, um dos países que o Brasil deseja ampliar relações comerciais (Foto: Hu Chen/Unsplash).
Diante de impasse com UE, Brasil mira comércio no Sudeste Asiático
Registro de Cingapura, um dos países que o Brasil deseja ampliar relações comerciais (Foto: Hu Chen/Unsplash).

O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está redirecionando esforços diplomáticos e comerciais para o Sudeste Asiático, em resposta aos desafios nas negociações com a União Europeia. A região, composta por países como Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, entre outros, é vista como uma área estratégica para a ampliação das relações internacionais.

A nova estratégia brasileira visa ampliar investimentos e fortalecer alianças comerciais. Além disso, busca-se o alinhamento em questões globais importantes, como a reforma da governança mundial e a sustentabilidade. No ano de 2023, o comércio bilateral do Brasil com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) alcançou US$ 33 bilhões. Em contraste, o comércio com a China atingiu um montante de US$ 157,5 bilhões.

O chanceler Mauro Vieira destacou que a dinâmica econômica da ASEAN e da China apresenta oportunidades únicas que o Brasil pretende explorar. Ele salientou a importância de uma relação política mais estreita para garantir vantagens nesse processo de expansão. Em contrapartida à redução de pessoal em embaixadas em países desenvolvidos, o Brasil manteve e até ampliou representações na ASEAN, incluindo a abertura de uma embaixada no Camboja.

 

Fortalecendo laços comerciais

No contexto comercial, o acordo entre o Mercosul e Cingapura, formalizado no início deste ano, simboliza os avanços do bloco sul-americano na região. Técnicos econômicos ressaltam que o ASEAN adquire mais produtos brasileiros do que os próprios países do Mercosul, com importações totalizando US$ 24,4 bilhões em 2023.

Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China e na Malásia e atual conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), notou o surgimento de países como Indonésia e Malásia como polos de estabilidade política e econômica. Além disso, Caramuru enfatizou a importância de uma maior aproximação política, especialmente devido ao aumento do comércio internacional.

Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), falou sobre os avanços do Brasil na área de bioenergia, com destaque para a produção de etanol. Ele apontou a eficiência e segurança desse processo. De acordo com Gussi, o modelo de integração entre a produção de alimentos e energia, promovido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), é bem-sucedido. Este modelo tem um alto potencial de ser adotado por países do Sudeste Asiático que possuem um setor agroindustrial desenvolvido.

Gussi também destacou as viagens recentes à Indonésia e ao Vietnã. Ele ressaltou o compromisso da indústria sucroalcooleira brasileira em ajudar esses países a avançarem na transição energética. Em resumo, essa ajuda envolve a cooperação com governos locais e o setor automotivo.