O governo federal cancelou o leilão recente que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) conduziu e suspendeu a compra de 263,3 mil toneladas de arroz planejadas para importação. Após uma análise detalhada, identificou-se que as empresas vencedoras do pregão possuíam fragilidades financeiras, conforme informou Edegar Pretto, presidente da Conab.
Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, tomaram essa decisão durante uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfatizando a necessidade de uma gestão responsável do dinheiro público. Fávaro explicou que verificar a capacidade das empresas envolvidas era essencial, dado o grande volume financeiro envolvido.
Planejamento para um novo leilão
A suspeita de conflito de interesse envolvendo Neri Geller, o então secretário de Política Agrícola, precipitou sua renúncia. Investigações revelaram conexões preocupantes entre Geller e a corretora líder do leilão, o que levantou questões sobre a integridade do processo. “A situação, embora não apresentasse operações suspeitas atualmente, gerou desconforto suficiente para a renúncia de Geller”, afirmou Fávaro.
O governo colaborará com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) na elaboração de um novo edital para o leilão de arroz, que incorporará mecanismos de transparência e segurança jurídica, embora a data para o próximo leilão ainda não esteja definida. Este processo tem como objetivo estabelecer critérios mais rígidos para a participação das empresas.
A importação do arroz visa estabilizar o mercado interno, especialmente após as inundações recentes no Rio Grande do Sul, que impactaram severamente a produção local. “A diferença entre a oferta e a demanda no Brasil é muito apertada, e qualquer falha na disponibilidade pode impactar os preços drasticamente”, observou Fávaro.
Apoio à decisão de anulação
Várias empresas que inicialmente venceram o leilão apoiaram a decisão de cancelamento, segundo Teixeira. “Ao entender a necessidade de anulação, essas empresas já se mostraram dispostas a participar do processo novamente, garantindo a integridade do processo”, afirmou.
Além disso, Pretto destacou que a Conab não realizava esse tipo de leilão para importação de arroz desde 1987, e só o retomou devido à situação de emergência no Rio Grande do Sul. Pretto afirmou que a companhia revisará todos os mecanismos estabelecidos para assegurar o uso eficiente e seguro dos recursos públicos.