A greve na Eletrobras começou na última segunda-feira (10) após a rejeição da proposta final de acordo por aproximadamente 80% dos trabalhadores da empresa em todo o Brasil. O movimento, sem prazo para terminar, foi desencadeado por uma série de cortes e mudanças nos benefícios e salários dos eletricitários.
Contexto da greve
Os protestos no primeiro dia de greve refletiram a insatisfação dos funcionários com a administração privatizada da Eletrobras. Os trabalhadores alegam que a proposta da empresa retira benefícios históricos, reduz salários, divide a categoria, altera o plano de saúde e pode levar a demissões em massa. A Eletrobras, privatizada durante o governo de Jair Bolsonaro, também se recusou a aceitar uma mediação proposta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Mobilização nacional
A paralisação atingiu diversas subsidiárias da Eletrobras em várias regiões do Brasil. Saiba quais foram:
- Furnas: Totalmente paralisada em 15 estados e no Distrito Federal.
- Eletrosul: Paralisada nas principais bases em Joinville, Capivari, Blumenau e na Região Oeste.
- Eletronorte: 10 das 11 bases aderiram à greve, incluindo Acre, Amapá, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
- Chesf: No Recife, a sede, onde metade dos funcionários da subsidiária está localizada, entrou em greve por tempo indeterminado.
- Eletrobras Holding e Eletropar: Totalmente paralisadas.
Reivindicações e impactos
Os trabalhadores do setor elétrico, que já estavam em estado de greve desde 3 de junho, decidiram intensificar o movimento após as negociações não avançarem. Eles denunciam que a privatização da Eletrobras resultou na demissão de cerca de 4.066 funcionários, uma redução de 12,6% no quadro de pessoal, além de cortes de 11% nas despesas com funcionários e 33% na folha de pagamento.
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Tentativas de negociação
O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) confirmou que os trabalhadores iniciaram a greve após a Eletrobras recusar a mediação do TST para negociar o Acordo Coletivo de Trabalho. Na última quarta-feira (5), o TST havia intimado os representantes sindicais e a empresa para iniciar o processo de mediação. No entanto, a Eletrobras preferiu enfrentar a greve judicialmente.
Histórico de negociações
A Eletrobras informou ao TST que não pretende participar da mediação para renegociar o Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2026. A empresa destacou que melhorou sua proposta durante as reuniões, buscando uma nova estrutura de remuneração e carreira para seus empregados. No entanto, a proposta final, que incluía redução de salários e congelamento de reajustes para empregados com salários superiores a R$ 6 mil, foi rejeitada pelos funcionários, levando à greve.
Propostas da empresa
A proposta da Eletrobras incluía:
- Redução de salários para empregados que ganham acima de R$ 16 mil.
- Não aplicação de reajustes salariais acima de R$ 6 mil por dois anos.
- Benefícios como auxílio-alimentação mantidos por dois anos.
Além disso, a empresa propôs um abono salarial pago uma vez em 2024 e outra em 2025, com valores diferenciados para funcionários admitidos antes e depois da privatização.
Reação dos trabalhadores
O primeiro dia de greve contou com a adesão de aproximadamente 6.400 dos 8.000 funcionários responsáveis pela operação elétrica da Eletrobras.