A recente investigação antidumping da China sobre as importações de carne suína da União Europeia (UE) pode trazer impactos positivos para a indústria brasileira. Isso se dá particularmente para empresas como a BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3). Nesse sentido, a BRF está bem posicionada para se beneficiar dessas medidas devido à sua exposição à carne suína e aos possíveis efeitos positivos nas exportações de frango.
Relembre: na última segunda-feira (17), a China iniciou uma investigação antidumping sobre as importações de carne suína da UE. Este movimento é uma resposta às tarifas impostas pela UE sobre veículos elétricos chineses. A investigação, com duração prevista de até um ano, pode ser estendida por mais seis meses. Isso afetará principalmente agricultores da Espanha, Holanda, Dinamarca, Alemanha e Bélgica.
Impactos no mercado europeu
Nos últimos anos, a UE exportou grandes quantidades de carne suína para a China a preços baixos, impactando a indústria local chinesa. A Associação de Agricultura Animal da China destacou que essa prática prejudicou não apenas os produtores de carne suína, mas também o setor agrícola relacionado. Conforme a Associação, os volumes de exportação da UE para a China caíram de 3,2 milhões de toneladas em 2020 para 1,34 milhões de toneladas em 2023. Por sua vez, a participação de mercado da carne suína europeia diminuiu de 5,52% para 1,76% no mesmo período.
Benefícios potenciais para a indústria brasileira
A BRF, uma das maiores beneficiárias dessas medidas, viu suas ações subirem 11% na última semana. É estimado que este aumento nas ações possa refletir um crescimento de 7% nas expectativas consensuais de Ebitda para 2024. Isso resultaria em um aumento de 3% nos preços da unidade de negócios internacionais da empresa. Embora as ações da JBS e da Marfrig também tenham subido, os analistas alertam que ainda é cedo para associar esse crescimento a melhorias nos preços e volumes exportados pelo Brasil.
Leia também:
Relembre: o Brasil já foi alvo da medida chinesa
As políticas chinesas têm influenciado não só a Europa, mas o próprio Brasil. Em fevereiro, a China revogou a medida antidumping sobre as exportações de carne de frango do Brasil, que estava em vigor desde 2019. Essa medida impunha sobretaxas que variavam entre 17,8% e 34,2%, prejudicando a competitividade do produto brasileiro no mercado chinês. Com a revogação, as exportações brasileiras de carne de frango tornaram-se mais competitivas. Elas superaram US$ 1,9 bilhão e alcançaram mais de 679 mil toneladas no ano passado.
O governo brasileiro desempenhou um papel ativo na negociação com as autoridades chinesas para alcançar essa decisão favorável. O argumento foi em favor da relação econômico-comercial entre os dois países. A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne de frango. De tal modo, o fim da medida antidumping abriu novas oportunidades para outros produtores brasileiros, permitindo que eles se tornassem competitivos mesmo com as tarifas impostas.
