A Bolsa de Valores (B3) viveu um momento de euforia, acumulando a maior sequência de altas diárias desde 2018. Para entender os fatores que impulsionaram esse desempenho, conversamos com Pedro Brandão, CEO da CredÁgil e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Prime Plus.
Nos últimos dias, a Bolsa brasileira tem surpreendido o mercado financeiro. Com nove pregões consecutivos de alta, o Ibovespa atingiu 128.294 pontos, marcando um crescimento de 0,85% nesta quinta-feira (11). Esse cenário otimista contrasta com a volatilidade do dólar, que fechou em alta após dois dias de queda, e com a possibilidade de intervenção na moeda japonesa. Pedro Brandão nos ajuda a compreender o que está por trás dessa sequência de ganhos e o que esperar do mercado.
Confira a entrevista exclusiva para o Economic News Brasil:
ENB: O que motivou essa sequência de altas diárias da Bolsa?
Pedro Brandão: A principal razão para essa sequência de altas foi a queda na inflação nos Estados Unidos. Os dados recentes mostraram uma deflação de 0,1% em junho, o que aumentou as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve. Com taxas de juros mais baixas, economias emergentes como o Brasil se tornam mais atrativas para os investidores.
ENB: Como a queda da inflação nos EUA afeta o mercado brasileiro?
Pedro Brandão: A inflação menor nos EUA reduz a pressão sobre o Federal Reserve para manter as taxas de juros elevadas. Isso beneficia os mercados emergentes, pois os investidores buscam rendimentos mais altos fora dos EUA. No caso do Brasil, isso significa um influxo de capitais, o que impulsiona a Bolsa de Valores e valoriza nossas ações.
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ENB: Quais setores se destacaram nesse período de alta?
Pedro Brandão: Vimos um desempenho positivo principalmente nas ações de petroleiras, bancos e companhias aéreas. Esses setores foram beneficiados tanto por fatores internos quanto externos. No caso das petroleiras, os preços do petróleo ajudaram. Já os bancos se beneficiaram da estabilidade econômica, e as companhias aéreas, da recuperação do setor de turismo.
ENB: A volatilidade do dólar impacta esse cenário?
Pedro Brandão: Certamente. O dólar teve um dia volátil, começando em queda e fechando em alta a R$ 5,44. Esse movimento foi influenciado pela inflação dos EUA e pelas especulações de intervenção na moeda japonesa. A volatilidade do dólar pode trazer incertezas, mas também oportunidades para investidores que sabem aproveitar esses movimentos.
ENB: Como a possível intervenção na moeda japonesa afeta os mercados emergentes?
Pedro Brandão: Uma intervenção na moeda japonesa geralmente leva à fuga de capitais de mercados emergentes. Isso porque os investidores buscam segurança em moedas mais estáveis. Vimos isso acontecer com o real brasileiro e outras moedas latino-americanas, que se desvalorizaram mesmo com as notícias positivas dos EUA.
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ENB: Qual é a sua perspectiva para o segundo semestre?
Pedro Brandão: Acredito que o segundo semestre será mais positivo para o mercado brasileiro. Os fatores que pressionaram a Bolsa no primeiro semestre, como a expectativa de juros altos nos EUA e questões políticas internas, estão perdendo força. Com a inflação sob controle nos EUA, o Federal Reserve pode reduzir as taxas de juros, o que beneficiaria ainda mais os mercados emergentes.
ENB: O que os investidores devem observar nos próximos meses?
Pedro Brandão: É importante ficar atento às decisões do Federal Reserve e aos dados econômicos dos EUA. Esses fatores continuarão a influenciar o mercado global. No Brasil, acompanhar a evolução das reformas econômicas e a política fiscal também será crucial para entender o desempenho da nossa Bolsa de Valores.
ENB: Algum setor em específico deve ser monitorado de perto?
Pedro Brandão: Os setores de tecnologia e infraestrutura têm grande potencial. Com a retomada econômica, esses setores devem se beneficiar de investimentos e políticas de incentivo. Além disso, as empresas exportadoras podem ganhar destaque se o real continuar desvalorizado, tornando nossos produtos mais competitivos no exterior.
ENB: Considerações finais?
Pedro Brandão: O momento é de otimismo, mas é sempre bom manter uma estratégia diversificada e estar preparado para volatilidade. As oportunidades são muitas, mas os riscos também existem. Investir com cautela e informação é a chave para aproveitar esse cenário.
Agradeço ao Economic News Brasil por mais uma oportunidade de expor minhas opiniões e análises do mercado financeiro.