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Por que Gana está investindo em energia nuclear?

Empresas internacionais se colocam na disputa por país africano

Imagem ilustrativa. (Foto: Divulgação/Pexels)
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Gana está prestes a dar um passo em direção à diversificação de sua matriz energética ao considerar propostas de cinco empresas internacionais para a construção de sua primeira usina nuclear. As empresas envolvidas são a EDF, da França; NuScale Power e Regnum Technology Group, dos EUA; China National Nuclear Corporation; Kepco, da Coreia do Sul, juntamente com sua subsidiária Korea Hydro Nuclear Power Corporation; e Rosatom, da Rússia. Esta iniciativa faz parte de uma estratégia para enfrentar os desafios energéticos e as metas de industrialização do país.

Justificativas para a energia nuclear em Gana

A energia nuclear oferece a Gana uma fonte confiável e contínua de eletricidade, o que é crucial para sustentar suas ambições industriais. Segundo Seth Kofi Debrah, diretor do Instituto de Energia Nuclear da Comissão de Energia Atômica de Gana, a energia nuclear é uma opção atraente devido à sua alta capacidade de operação, atingindo cerca de 92% ao ano. Em comparação, usinas de gás natural operam em torno de 54%, enquanto as usinas solares e eólicas operam em 24% e 34%, respectivamente.

Além disso, a demanda por eletricidade em Gana está em rápida ascensão. Atualmente, 84% da população tem acesso à eletricidade, embora nem todos estejam conectados à rede. Projetos de eletrificação rural e iniciativas de industrialização estão previstos para acelerar ainda mais essa demanda.

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Impactos na economia e na mudança climática

A energia nuclear também é vista como uma solução para os compromissos internacionais de Gana com a mitigação das mudanças climáticas. Como signatário do Acordo de Paris, Gana busca reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, e a energia nuclear, que não produz esses gases, é uma opção viável.

Gana pretende se tornar um exportador líquido de eletricidade na sub-região, utilizando o Pool de Energia da África Ocidental, uma agência da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que busca fornecer energia confiável a um custo competitivo para seus membros. Atualmente, a taxa média de eletrificação na África Ocidental é de 42%, enquanto Gana já alcançou 84%.

História e desenvolvimento do programa nuclear

O interesse de Gana pela energia nuclear remonta à década de 1960, mas a ideia foi interrompida por um golpe. O programa foi reiniciado em 2007 pelo ex-presidente John Agyekum Kufuor, seguindo a abordagem de três fases da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Atualmente, Gana está na fase 2, que envolve a seleção de fornecedores e a preparação do local para a construção da usina, planejada para entrar em operação no início de 2030.

Viabilidade financeira e gestão de resíduos

Apesar do alto custo inicial, as usinas nucleares são consideradas uma das fontes de eletricidade de base mais baratas devido à sua longa vida útil e baixo custo de operação. Existem diversos modelos de financiamento, incluindo parcerias público-privadas, para viabilizar a construção da usina.

Gana já possui uma instalação de armazenamento de resíduos radioativos, o que demonstra sua capacidade de gestão de resíduos nucleares. O gerenciamento desses resíduos é uma questão abordada desde os estágios iniciais do planejamento, conforme os padrões de segurança da AIEA. Os custos de gerenciamento e descomissionamento da usina são incluídos na tarifa da usina, garantindo que esses aspectos sejam financeiramente cobertos.