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Piscicultura na Amazônia terá crescimento de 4,6% até 2034

Estudo revela desafios e potencial subutilizado na produção de peixes nativos

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Piscicultura na Amazônia é aposta para alternativa econômica e sustentável/(Foto: Tom Fisk/Pexels)
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Piscicultura na Amazônia é aposta para alternativa econômica e sustentável/(Foto: Tom Fisk/Pexels)

O cultivo de peixes nativos na Amazônia, uma atividade que combina potencial econômico significativo com baixo impacto ambiental, deverá apresentar um crescimento de 4,6% nos próximos dez anos. Esta é a principal conclusão de um estudo recente elaborado pelo Instituto Escolhas, intitulado “Solução debaixo d’água: o potencial esquecido da piscicultura amazônica”. O estudo oferece um panorama detalhado e inédito sobre a piscicultura de espécies nativas nos nove estados que compõem a Amazônia Legal. 

De acordo com o levantamento, o setor passará de uma produção de 175 mil toneladas para 183 mil toneladas até 2034. O mapeamento geoespacial realizado pela pesquisa identificou 76.942 hectares de lâmina d’água disponíveis para piscicultura na região, com um total de 61.334 empreendimentos. Este número é 39% superior ao registrado pelo Censo Agropecuário, evidenciando um maior potencial do setor do que previamente estimado. 

Vantagens da piscicultura sobre a pecuária 

Um dos principais pontos destacados no estudo é a eficiência espacial da piscicultura em comparação à pecuária extensiva. Para produzir a mesma quantidade de carne, o cultivo de peixes nativos da Amazônia necessita de até 10 vezes menos espaço. Esta característica é especialmente relevante para pequenos produtores, que representam 95,8% das propriedades mapeadas pelo estudo. Com menos espaço necessário, esses produtores podem obter uma renda significativa, o que reforça o potencial econômico da piscicultura como uma alternativa viável e sustentável à pecuária. 

Desafios enfrentados pelo setor 

Apesar do potencial identificado, o setor enfrenta diversos desafios que limitam seu crescimento. Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, ressalta a falta de dados robustos e atualizados como uma das principais dificuldades enfrentadas pela pesquisa. Ele aponta que a ausência de informações detalhadas sobre o setor, além do volume de produção, reflete a pouca atenção que a piscicultura recebe do poder público. 

Além disso, o estudo destaca a alta porcentagem de áreas inativas nos empreendimentos de piscicultura. Em média, 19% da área destinada à piscicultura na Amazônia está inativa, um percentual que sobe para 20% nas pequenas propriedades. Esse dado indica uma subutilização dos recursos disponíveis, o que contribui para a baixa produtividade do setor. 

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Baixa produtividade e acesso limitado ao crédito 

Os Estados de Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima foram identificados como aqueles com menor produtividade, variando entre 2,5 e 4,9 toneladas de peixe por hectare ao ano. A baixa produtividade é um reflexo da falta de acesso à assistência técnica adequada e à limitação no acesso ao crédito.

Em 2022, apenas R$ 189 milhões, ou 28,4% do total nacional, foram destinados ao custeio da piscicultura na Amazônia Legal. Quando se trata de investimentos, os Estados da Amazônia Legal receberam apenas R$ 5,3 milhões, o que representa 10,5% do total nacional. Esses números evidenciam a necessidade de maior apoio financeiro para o setor, que ainda enfrenta dificuldades em regularizar seus empreendimentos para obter financiamento. 

Perspectivas para o futuro

Para Sergio Leitão, o avanço consistente do mercado nacional de piscicultura depende da resolução desses desafios. O estudo do Instituto Escolhas sugere que, com o devido apoio técnico e financeiro, a piscicultura na Amazônia tem o potencial de se tornar uma atividade econômica ainda mais relevante e sustentável, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região e oferecendo uma alternativa viável à pecuária extensiva.