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Inflação na Argentina desacelera para 4% em julho

País enfrenta desafios econômicos graves apesar da queda na inflação.

Bandeira da Argentina
Bandeira da Argentina (Imagem: Píxabay)
Bandeira da Argentina
Bandeira da Argentina (Imagem: Píxabay)

A inflação na Argentina registrou um aumento de 4% em julho, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) nesta quarta-feira (14). O número representa uma desaceleração em comparação a junho, quando a taxa foi de 4,6%, indicando uma queda de 0,6 ponto percentual.

Mesmo com a desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses permanece elevada, atingindo 263,4%. Embora esse valor seja menor do que os 271,5% registrados em junho, os consumidores argentinos continuam enfrentando aumentos nos preços de bens e serviços essenciais.

Entre os setores com maiores aumentos em julho, destacam-se Restaurantes e Hotéis, com uma alta de 6,5%, seguidos por Bebidas Alcoólicas e Tabaco (6,1%), Habitação, Água, Eletricidade, Gás e Outros Combustíveis (6%), Saúde (5,8%) e Recreação e Cultura (5,7%).

Medidas econômicas

Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023, o presidente Javier Milei, de orientação ultraliberal, implementou uma série de medidas econômicas rigorosas na tentativa de reverter a recessão que assola o país. Essas medidas incluíram a paralisação de obras federais, o corte de subsídios em serviços essenciais como água, gás e transporte público, além da suspensão de repasses financeiros para os estados.

Embora essas ações tenham resultado em uma desaceleração da inflação, com a taxa caindo de 25,5% em dezembro para 4% em julho, a população ainda enfrenta dificuldades. A redução no consumo e a contenção da impressão de dinheiro contribuíram para a queda da inflação, mas o custo de vida permanece alto, especialmente para os mais pobres.

 

 

O salário mínimo na Argentina, atualmente em 262,4 mil pesos (cerca de US$ 278,7), não consegue acompanhar a inflação, o que agrava a situação de muitas famílias. Hoje, 41,7% da população argentina vive abaixo da linha da pobreza, o que corresponde a 12,3 milhões de pessoas, conforme dados do Indec.

Impacto na economia

Além dos desafios inflacionários, a economia argentina também enfrenta uma contração. No primeiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou 5,1% em comparação com o mesmo período de 2023, refletindo os efeitos das políticas de ajuste implementadas pelo governo.

O Banco Mundial, no relatório de junho, revisou para baixo as previsões para a economia argentina. A instituição financeira projetou uma contração de 3,5% em 2024, uma piora em relação à previsão anterior de uma queda de 2,7%. No entanto, as perspectivas para 2025 são mais otimistas, com expectativas de um crescimento de 5%, à medida que a inflação continue diminuindo e os desequilíbrios econômicos sejam corrigidos.

Repercussão internacional

No cenário internacional, as políticas de Javier Milei receberam elogios, especialmente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em maio, o FMI aprovou um desembolso de quase US$ 800 milhões para a Argentina, destacando o superávit fiscal e a redução da inflação como sinais positivos.

No entanto, críticos apontam que o superávit foi obtido principalmente por meio de cortes de gastos, sem um aumento proporcional das receitas, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade dessas políticas no longo prazo. O governo argentino, no entanto, continua firme com o plano de reformas. Em junho, o Senado aprovou uma “Lei de Bases”, que concede poderes especiais ao Executivo e prevê a privatização de estatais.