O gigante chinês do comércio eletrônico Alibaba anunciou uma queda de 29% em seu lucro trimestral, refletindo os desafios que enfrenta em meio à desaceleração econômica da China. No trimestre encerrado em 30 de junho de 2024, o lucro líquido atribuível aos acionistas ficou em 24,3 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 3,3 bilhões), uma redução em comparação aos 34,3 bilhões de yuans registrados no mesmo período do ano anterior.
Essa diminuição no lucro ocorre em um cenário de enfraquecimento do consumo interno, apesar das recentes iniciativas do governo chinês para estimular o crescimento. A receita da Alibaba no primeiro trimestre de 2024 foi de 243,2 bilhões de yuans, representando um aumento de 4% em relação ao ano anterior. Contudo, as principais plataformas de comércio eletrônico da empresa, Taobao e Tmall, registraram uma queda de 1% na receita, o que foi atribuído ao aumento dos investimentos na melhoria da experiência do usuário.
Para remediar queda nos lucros, Alibaba foca em investimentos e recompras de ações
No esforço de mitigar os impactos financeiros, a Alibaba realizou recompras de ações no valor de US$ 5,8 bilhões durante o primeiro trimestre de 2024. Essa medida faz parte de uma estratégia para tranquilizar os investidores em meio à queda nos lucros. O diretor financeiro da Alibaba, Toby Xu, ressaltou que a empresa continua a investir no crescimento de seus negócios principais enquanto busca melhorar a eficiência operacional em outras unidades de negócios.
Concorrência acirrada e mudanças nos hábitos de consumo
Os resultados da Alibaba contrastam fortemente com os da JD.com, sua principal concorrente, que registrou um aumento de 92,1% no lucro no mesmo período. A concorrência no mercado chinês de comércio eletrônico se intensificou, especialmente com o crescimento do Pinduoduo, uma plataforma que oferece produtos a preços mais baixos e que tem atraído consumidores em busca de maior custo-benefício.
A mudança nos hábitos de consumo tem levado cada vez mais clientes a optarem pelo Pinduoduo, em detrimento das plataformas Taobao e Tmall da Alibaba. Essa tendência resultou em uma redução temporária na capitalização de mercado da Alibaba em comparação ao Pinduoduo, uma situação inédita para a gigante do comércio eletrônico.
Reestruturação e desafios futuros
Em resposta às crescentes pressões competitivas e às mudanças no mercado, a Alibaba iniciou uma reestruturação em 2023, dividindo o grupo em seis entidades distintas e substituindo o CEO Daniel Zhang. Essa reestruturação ocorreu em um momento de turbulência no setor de tecnologia da China, marcado por medidas regulatórias rigorosas implementadas pelo governo.
A incerteza sobre o futuro da Alibaba persiste, especialmente após o cancelamento da oferta pública inicial (IPO) do Ant Group, braço de serviços financeiros da empresa, no final de 2020. Esse episódio foi seguido por uma investigação formal sobre supostas práticas monopolistas da Alibaba, aumentando ainda mais os desafios para a empresa.
Perspectivas para o mercado consumidor chinês
Os resultados financeiros mais recentes da Alibaba destacam a fraqueza do mercado consumidor da China, com vendas no varejo crescendo apenas 2,7% em julho de 2024, um ritmo modesto em comparação aos anos anteriores. A desaceleração no mercado imobiliário e a incerteza quanto à renda futura continuam a impactar negativamente o sentimento dos consumidores chineses.
Apesar desses desafios, as ações da Alibaba registraram um aumento de 5% no pregão da tarde desta sexta-feira (16), um indicativo de que os investidores ainda veem potencial na empresa, mesmo diante das adversidades.
