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Inflação fica negativa pela primeira vez em 2024: entenda o que significa

Habitação IPCA
Habitação puxa IPCA para baixo. Foto: Pexel
Habitação IPCA
Habitação puxa IPCA para baixo. Foto: Pexel

A inflação do país apresentou queda de 0,40 ponto percentual (p.p.) em agosto na comparação com o mês anterior (0,38%), registrando -0,02%. É a primeira taxa negativa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), há mais de um ano, desde junho de 2023, quando a queda registrada (deflação) foi de 0,08%.

O que puxou o resultado para baixo foi a Habitação (-0,51%), devido à redução de 2,77% nos preços da energia elétrica residencial no período, com a adoção da bandeira verde na conta de luz, ou seja, sem cobrança extra. Neste mês de setembro, no entanto, a adoção da bandeira vermelha 1 pode reverter esse resultado.

A inflação acumulada no ano é de 2,85%. Nos últimos 12 meses, o índice chega a 4,24%. Os números do IPCA foram divulgados hoje (10) pelo IBGE.

Inflação fica negativa com IPCA de agosto
Fonte do gráfico: IBGE

Alimentos consumidos em casa tiveram queda – Queda da inflação 2024

O preço de alimentação e bebidas também apresentou baixa de -0,44%, sendo a segunda queda consecutiva, influenciada, principalmente, pela alimentação no domicílio (-0,73%). Alguns alimentos que apresentaram queda nos preços foram a batata inglesa (-19,04%), o tomate (-16,89%) e a cebola (-16,85%).

“O principal fator que contribuiu para a queda nos preços foi uma maior oferta desses produtos no mercado por conta de um clima mais ameno no meio do ano, que favorece a produção desses alimentos, com maior ritmo de colheita e intensificação de safra”, diz o gerente da pesquisa, André Almeida.

Frutas e alimentação fora do lar ficaram mais caras

Entre os alimentos que tiveram altas, destacam-se o mamão (17,58%), a banana-prata (11,37%) e o café moído (3,70%).

A alimentação fora do lar teve alta de 0,33%, mas ainda abaixo da variação registrada em julho (0,39%). O subitem refeição acelerou de 0,24% para 0,44%, enquanto lanche desacelerou de 0,74% em julho para 0,11% em agosto.

Transportes em estabilidade

O grupo Transportes registrou estabilidade (0,00%) por conta da variação de preços em sentidos opostos nos principais subitens. A alta dos combustíveis (0,61%) foi puxada por gás veicular (4,10%), gasolina (0,67%) e óleo diesel (0,37%). Por outro lado, o etanol teve recuo de 0,18%, assim como as passagens aéreas, com quedas mais expressivas (-4,93%).

“A queda no preço das passagens aéreas em agosto pode ser explicada por um movimento contrário ao observado em julho, mês de férias escolares, quando as passagens aéreas são mais demandadas por conta de viagens que as famílias realizam”, afirma o gerente da pesquisa.

Analista de investimentos faz análise da inflação negativa

Foto: Divulgação/Warren

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, diz que o IPCA de agosto contrariou a expectativa com a deflação de 0,02% e alta de 4,24% no acumulado 12 meses, abaixo da projeção de 0,01% e 4,27% esperada pelo grupo.

“As surpresas altistas de hoje foram: alimentos voláteis e eletroeletrônicos. Vale dizer que os alimentos registraram deflação menor que a esperada por nós, de -0,73% vs. -0,95% esperada, principalmente pelos produtos in natura, o tomate e a batata e frango. O grupo in natura caiu -4,7%, com os tubérculos registrando deflação de 16,3% vs. -18,07% esperado. No ano, in natura registra alta de em torno de 3,3% e esperamos que volte a subir por conta da seca e atinja 9,1%. No mesmo sentido, vemos os alimentos no domicílio deixar o 4,6% em 12 meses e terminar mais próximo de 6%.”