Os economistas do mercado financeiro revisaram as expectativas de inflação e crescimento para 2024 e 2025, com um destaque para a projeção de uma expansão próxima a 3% da economia brasileira ainda neste ano. Esses dados constam no Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (16).
Inflação segue em alta
De acordo com o relatório, a estimativa de inflação para este ano subiu pela nona semana consecutiva, avançando de 4,30% para 4,35%. O movimento mostra o distanciamento da meta central de inflação, estipulada em 3%, e a aproximação do teto de 4,5%, que foi definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2025, a projeção de inflação também sofreu ajustes, passando de 3,92% para 3,95%. Já para 2026, houve uma pequena alta de 3,60% para 3,61%. A meta de inflação para esses anos também é de 3%, sendo que o BC considera a meta cumprida se o índice ficar entre 1,5% e 4,5%.
A manutenção de expectativas inflacionárias elevadas acende um alerta sobre o impacto no poder de compra da população, principalmente daqueles com menor renda. Com a alta dos preços, os salários não acompanham o ritmo, resultando em perda de poder aquisitivo.
Crescimento do PIB surpreende positivamente
Em contrapartida, as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano melhoraram consideravelmente. O mercado agora espera uma expansão de 2,96% em 2024, acima dos 2,68% previstos anteriormente. Esse ajuste otimista ocorreu após a divulgação dos dados do segundo trimestre, que registraram um crescimento de 1,4% em relação aos três meses anteriores, surpreendendo analistas e instituições financeiras.
O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é um importante indicador da evolução da economia. Mesmo com a perspectiva de crescimento em 2024, as projeções para 2025 mantêm um tom mais moderado, com a estimativa de expansão estabilizada em 1,90%.
Taxa Selic e a inflação futura
Outro ponto relevante abordado no Boletim Focus é a expectativa para a taxa básica de juros, a Selic. Atualmente em 10,50% ao ano, a previsão é de que o Banco Central eleve a taxa para 10,75% nesta quarta-feira (18). O mercado financeiro mantém a projeção de que a Selic encerrará 2024 em 11,25%, sinalizando que novas elevações podem ocorrer até o fim do ano.
Para 2025, os analistas ainda preveem uma queda nos juros, mas de maneira mais cautelosa. O mercado ajustou a estimativa para a Selic no final de 2025, de 10,25% para 10,50%, o que indica uma redução dos juros mais lenta do que se esperava inicialmente.
Outras estimativas econômicas
Além de inflação, crescimento do PIB e taxa de juros, o relatório do Banco Central do Brasil trouxe atualizações para outros indicadores importantes. A projeção para o câmbio, por exemplo, foi revista para cima. A expectativa é de que o dólar encerre 2024 a R$ 5,40, diante da previsão anterior de R$ 5,35. Para 2025, o mercado também ajustou a estimativa, de R$ 5,30 para R$ 5,35.
No comércio exterior, a expectativa para o saldo da balança comercial caiu de US$ 83,5 bilhões para US$ 82,7 bilhões de superávit em 2024. A balança comercial mede a diferença entre exportações e importações. Para 2025, o mercado espera um recuo ainda maior, com o saldo positivo caindo de US$ 79 bilhões para US$ 77,7 bilhões.
Em relação aos investimentos estrangeiros diretos no Brasil, o Boletim Focus mostrou que a projeção para 2024 foi reduzida de US$ 71 bilhões para US$ 70,8 bilhões. Para 2025, a estimativa permaneceu inalterada em US$ 73,5 bilhões, indicando que o fluxo de capital estrangeiro pode se manter estável no médio prazo.
