A reabertura de antigos casos, envolvendo o falecido bilionário e ex-controlador da Harrods, trouxe graves acusações contra Mohamed Al Fayed de abuso sexual, feitas por ex-funcionárias da famosa loja de departamentos em Londres. De acordo com os depoimentos, ele forçava suas funcionárias a se submeterem a exames médicos invasivos, utilizando ameaças para manter o silêncio. Essas alegações ganharam força com a exibição recente de um documentário da BBC, no qual mais de 20 mulheres compartilharam suas experiências dolorosas com o bilionário.
Novas Revelações e Testemunhos Impactantes
Durante a coletiva de imprensa de lançamento do documentário, Natacha, uma das sobreviventes, descreveu Al Fayed como um “monstro”. Ela relembrou os anos de abuso sofridos enquanto trabalhava para ele, afirmando: “Eu não conseguia acreditar que ele havia escapado impune por tanto tempo.” As denúncias incluem abuso sexual em série, tentativas de estupro e agressões que teriam ocorrido ao longo de 25 anos.
Dean Armstrong, advogado de várias vítimas, afirmou que 37 mulheres já decidiram denunciar Al Fayed, e é esperado que esse número aumente. Gloria Allred, famosa advogada dos direitos das vítimas, destacou o ambiente tóxico de trabalho criado por Al Fayed, onde imperava uma cultura de medo, impedindo que as funcionárias denunciassem os abusos.
O Papel da Harrods no Caso
A Harrods, vendida por Al Fayed ao fundo soberano do Qatar em 2010 por US$ 2,3 bilhões, emitiu um pedido público de desculpas após a exibição do documentário. A atual gestão se disse “horrorizada” pelas ações de seu ex-proprietário, ressaltando que a administração da loja hoje é completamente diferente. O documentário também revelou que algumas funcionárias foram forçadas a realizar exames médicos sem consentimento adequado, incluindo exames ginecológicos, sob o pretexto de verificação de saúde.
Esse controle físico e psicológico sobre as mulheres era um padrão de abuso que se manteve por anos. Muitas delas viviam com medo de represálias, o que as impedia de denunciar.
Ações Legais em Andamento e Busca por Justiça
Atualmente, várias ações legais estão sendo movidas contra Al Fayed e a Harrods, buscando responsabilizá-los pelos abusos. Dean Armstrong e sua equipe legal estão trabalhando para resolver as reivindicações das vítimas de forma ágil, evitando longos e exaustivos processos judiciais. A advogada Maria Mulla destacou que muitas funcionárias que tentaram denunciar os abusos foram ameaçadas, e a Harrods falhou em protegê-las.
Essas revelações colocam em discussão a responsabilidade das grandes corporações em garantir ambientes de trabalho seguros. As empresas precisam adotar políticas claras e eficazes para prevenir e combater abusos e violência no ambiente de trabalho, como demonstrado pela falta de ação da Harrods durante a gestão de Al Fayed.
Um Legado Manchado por Polêmicas
Antes dessas novas denúncias, a vida de Mohamed Al Fayed era muito controversa. Nascido no Egito em 1929, ele construiu um império financeiro que incluía a compra da Harrods em 1985 e do Hôtel Ritz Paris em 1979. Contudo, seu legado também é marcado por controvérsias, como as teorias da conspiração que ele alimentou sobre a morte de seu filho Dodi Fayed e da princesa Diana, em um acidente de carro em 1997.
Apesar de tentar várias vezes, Al Fayed nunca conseguiu obter a cidadania britânica. Vários governos trabalhistas quanto conservadores negaram seus pedidos, considerando-os “inadequados”. As acusações de abuso sexual se somam a uma série de denúncias que ele sempre negou veementemente.
Reflexões sobre a Responsabilidade Corporativa
As novas revelações reacenderam o debate sobre o papel das empresas em proteger seus funcionários. Mesmo após sua morte, em agosto de 2023, as denúncias contra Al Fayed continuam a afetar a imagem da Harrods, que esteve sob sua gestão por décadas. A cultura de silêncio que prevaleceu na loja expõe falhas estruturais no sistema de proteção aos funcionários, ressaltando a importância de políticas internas rigorosas e suporte às vítimas de abusos.
Décadas de Silêncio Forçado
As novas acusações contra Mohamed Al Fayed, reveladas pelo documentário da BBC, expuseram a verdade por trás de décadas de silêncio forçado. Agora, as vítimas, silenciadas durante anos, buscam justiça pelos traumas que sofreram. Ao mesmo tempo, a Harrods enfrenta uma série de questionamentos e possíveis ações legais.
Essa história reforça a importância de políticas eficazes para proteger o ambiente de trabalho. A criação de espaços seguros e acolhedores para todos os funcionários é essencial. Políticas que promovem respeito e inclusão aumentam a produtividade e o bem-estar. Além disso, garantem um ambiente onde os trabalhadores se sentem valorizados e protegidos. Empresas que adotam essas práticas fortalecem suas equipes e criam uma cultura organizacional positiva. Implementar medidas claras e eficazes é um passo necessário para proteger e apoiar todos os profissionais.
Confira entrevista coletiva sobre o caso:
