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Mais de 8 mil startups fecharam no Brasil na última década

Startup - Startups Brasil - Escritório - Sala de reunião
(Imagem: StartupStockPhotos/Pixabay)
Startup - Startups Brasil - Escritório - Sala de reunião
(Imagem: StartupStockPhotos/Pixabay)

O Brasil já é lar de 24 unicórnios, empresas que atingiram valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. Nomes como QuintoAndar, 99 e iFood se tornaram parte do cotidiano dos brasileiros, consolidando sua posição no mercado. No entanto, por trás desse sucesso, há uma realidade menos conhecida: mais de 8 mil startups deixaram de existir no Brasil na última década.

Um levantamento realizado pelo Distrito, para o InfoMoney, aponta que 8.258 startups brasileiras fecharam suas portas entre janeiro de 2015 e setembro de 2024. Esse número representa quase metade das 16.936 startups que ainda estão em operação no país. Embora o ecossistema de inovação continue gerarando novas empresas, a taxa de mortalidade permanece alta, impactando diversos setores da economia.

O cenário das startups no Brasil

De acordo com Victor Harano, gerente de research do Distrito, a taxa de mortalidade das startups tem sido relativamente estável, com uma alta em 2022 devido à diminuição das captações de recursos.

 “O tempo médio de vida de uma startup no Brasil é de cerca de 58 meses, mas muitas empresas continuam semi-operantes, pois o processo de encerramento no país é burocrático e caro”, afirma.

Entre os setores mais afetados, as fintechs lideram a lista, representando cerca de 20% das startups que fecharam. Já as retailtechs, que focam no varejo, representam 13% do total de empresas que encerraram suas operações. No terceiro lugar, estão as healthtechs, com pouco mais de 800 empresas falidas.

O maior desafio é o capital

Independentemente do setor, a falta de capital é a principal causa de falência entre startups. Apenas 10% das mais de 8 mil startups que fecharam receberam algum tipo de investimento, demonstrando as dificuldades de captação de recursos no Brasil. Julia De Luca, economista e vice-presidente de tecnologia do Itaú BBA, explica: “O ecossistema de venture capital na América Latina ainda está em desenvolvimento. O primeiro cheque, geralmente, é um cheque local.

A escassez de recursos, aliada à inexperiência dos fundadores em muitos casos, contribui para um cenário de desafios para as startups. Embora o venture capital tenha experimentado um boom durante a pandemia, com mais de US$ 9,4 bilhões investidos em startups brasileiras em 2021, muitos desses investimentos não se converteram em sucesso a longo prazo.

Facily: do topo ao declínio

Um exemplo clássico das dificuldades enfrentadas por startups é a Facily. A empresa, especializada em social commerce, captou mais de US$ 500 milhões e os investidores a avaliaram em US$ 1,1 bilhão no final de 2021. No entanto, poucos anos depois, a empresa tem desafios financeiros e corre o risco de fechar as portas. O caso da Facily mostra o otimismo que muitos investidores tiveram durante a pandemia, quando acreditaram que os aportes feitos em startups seriam multiplicados em poucos anos.

No entanto, não foi o que ocorreu. Segundo dados do PitchBook, mais de 3,2 mil startups que captaram US$ 27 bilhões em investimentos faliram no último ano. Entre elas, está a WeWork, uma das startups mais valiosas dos Estados Unidos, que entrou com pedido de falência em novembro passado.

A mortalidade é um tabu no Brasil

Mesmo com o grande número de falências, as pessoas ainda consideram o tema um tabu no Brasil. De acordo com especialistas, a glamourização das startups e dos unicórnios ofusca a realidade enfrentada pela maioria das empresas. 

“No Brasil, o fracasso é muitas vezes minimizado ou ignorado. Falamos muito das histórias de sucesso, mas evitamos discutir as dificuldades enfrentadas pelos empreendedores”, comenta Vitor Harano.

Duas gestoras, a Bossa Invest e a Anjos do Brasil, abriram seus números para a reportagem do InfoMoney, revelando que uma parte de suas investidas não geraram retorno. A Bossa Invest informou que 32 empresas de seu portfólio de 366 startups não geraram resultados positivos. Já a Anjos do Brasil revelou que 25% das 190 empresas investidas fracassaram, um percentual abaixo da média internacional, que chega a 50% em alguns mercados.