O agronegócio enfrenta uma nova crise com o pedido de proteção contra credores feito pelo produtor João Batista Consentini, que suspendeu pagamentos, incluindo fundos de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Entre os afetados está o Fiagro RURA11, da Itaú Asset, que possui 3,3% de seu patrimônio exposto a um CRA de Consentini.

A crise do setor, já marcada pelos recentes pedidos de recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3) e Portal Agro, parece estar longe de acabar.

Exposição do RURA11

O fundo RURA11, gerido pela Itaú Asset, tem um portfólio diversificado com exposição a 62 devedores de diferentes regiões do Brasil. No entanto, essa diversificação não foi suficiente para evitar o impacto da crise. O fundo tem 3,3% do seu patrimônio líquido de R$ 1,6 bilhão investido em recebíveis do produtor Consentini.

Nos últimos dias, as cotas do RURA11 registraram uma queda expressiva de 8,5%, resultando em perdas acumuladas de 6,39% até a quinta-feira (3), segundo dados da B3. Apesar do esforço da Itaú Asset para proteger o fundo com garantias que cobrem 130% do crédito devido, o cenário de incerteza preocupa investidores.

Situação financeira de João Batista Consentini

Consentini, um dos maiores produtores do Tocantins, fatura cerca de R$ 500 milhões por safra, mas acumula dívidas de R$ 700 milhões. Recentemente, ele captou R$ 104 milhões por meio da emissão de dois CRAs; no entanto, isso não impediu sua busca por proteção judicial. Agora, ele tem um prazo de 60 dias, concedido pela Justiça do Tocantins, para encontrar, portanto, uma solução para sua dívida.

O CRA em questão, no valor de R$ 77 milhões, foi objeto de uma assembleia que, consequentemente, aprovou a reestruturação do cronograma de pagamentos. Além disso, a securitizadora Canal, responsável pela operação, não respondeu às perguntas sobre os motivos que levaram à alteração no cronograma até o momento da publicação desta matéria.

Expectativa de solução para Consentini

A Itaú Asset afirma estar em contato com Consentini para buscar uma solução que, por sua vez, garanta o pagamento ao fundo RURA11. Apesar das dificuldades, a gestora mantém uma postura otimista, baseando-se em experiências anteriores de recuperação de créditos em situações semelhantes. Um exemplo citado pela empresa é o caso da Agrocin, que também passou por dificuldades financeiras e, mesmo assim, após um pedido de recuperação judicial, o fundo conseguiu recuperar o principal e parte dos juros.