Os maiores bancos multilaterais de desenvolvimento do mundo anunciaram nesta terça-feira (12), durante a COP29, a meta de destinar US$ 120 bilhões anuais para financiamento climático em países em desenvolvimento até o fim da década. Este compromisso destaca a intenção dos bancos de impulsionar a transição sustentável de nações mais vulneráveis, ajudando a reduzir emissões e a enfrentar os efeitos do aquecimento global. No entanto, a meta estabelecida ainda representa um desafio frente aos trilhões necessários anualmente.
Os bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs), incluindo o Banco Mundial, o Banco Europeu de Investimento e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, apontam que a capacidade de ampliação desse financiamento climático depende da contribuição de seus acionistas estatais. “Os BMDs não podem ser os responsáveis por arrecadar trilhões; não temos isso em nossos balanços”, afirmou Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, em entrevista à Bloomberg TV. Segundo Banga, o papel dos BMDs é facilitar investimentos do setor privado e ajudar a mitigar riscos.
Meta de financiamento climático chega a US$ 120 bi
A meta de US$ 120 bilhões marca um aumento em relação aos US$ 75 bilhões destinados ao financiamento climático para nações em desenvolvimento em 2023 e aos US$ 60,9 bilhões em 2022. Esse montante crescente é um esforço para apoiar países em desenvolvimento que enfrentam dificuldades para financiar suas transições verdes. Durante as duas semanas de negociações na COP29, cerca de 200 países estão discutindo a criação de uma “Nova Meta Quantificada Coletiva” de financiamento climático para substituir o objetivo atual de arrecadar US$ 100 bilhões anuais para ajudar nações pobres.
As propostas de meta incluem valores que chegam a US$ 2 trilhões anuais, e os BMDs desempenham papel central, tanto na liberação de recursos públicos quanto na captação de capital privado adicional. Como parte desse esforço, o Banco Mundial vem simplificando suas garantias e adotando estratégias como financiamentos em moeda local para reduzir o risco cambial e atrair investimentos. Essa abordagem busca reduzir os riscos para investidores privados e viabilizar projetos climáticos em larga escala.
A importância da participação de acionistas estatais
Os BMDs apontam que a ampliação do financiamento climático depende do comprometimento de seus acionistas estatais em contribuir com mais recursos. O grupo, em uma declaração conjunta, reforçou a necessidade de uma maior ambição de seus membros para que os compromissos financeiros sejam realmente alcançados e ampliados. Em 2022, o grupo mobilizou cerca de US$ 58 bilhões em financiamento público e privado, segundo dados da OCDE, representando cerca de 50% do total de financiamento climático disponível para países em desenvolvimento.
A OCDE, no entanto, contabiliza apenas os fundos de nações desenvolvidas, enquanto os valores dos BMDs incluem também recursos de acionistas dos países em desenvolvimento. Esses valores indicam um esforço significativo para aumentar a capacidade de financiamento climático global e atender à crescente demanda por recursos para sustentabilidade.
Parcerias com o setor privado ampliam o impacto
Além do compromisso de US$ 120 bilhões, os BMDs estimam que poderão mobilizar até US$ 65 bilhões em financiamento climático adicional a partir do setor privado até o fim da década. Para alcançar isso, os bancos multilaterais estão buscando parcerias estratégicas com empresas e investidores privados, ampliando o alcance e a eficácia dos recursos direcionados para sustentabilidade.
O compromisso anunciado foi assinado por diversos bancos de desenvolvimento, incluindo o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Asiático de Desenvolvimento, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento. A adesão desses parceiros indica uma estratégia coordenada para atrair investimentos climáticos e fornecer uma base financeira mais robusta para as transições ecológicas.