O real brasileiro registrou uma desvalorização acumulada de 19,1% em 2024, posicionando o Brasil como a oitava moeda com maior perda em relação ao dólar. Os dados são da Austin Rating, com base em informações do Banco Central do Brasil, e mostram o impacto das recentes políticas econômicas do governo.
Na última quinta-feira (28), o dólar alcançou a marca histórica de R$ 6. Esse movimento foi impulsionado pelo anúncio de um pacote de corte de gastos do governo federal, detalhado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além disso, a proposta de elevar a isenção do Imposto de Renda (IR) para rendimentos de até R$ 5 mil também gerou preocupações no mercado financeiro.
Impacto das medidas no mercado financeiro
O corte de gastos anunciado, estimado em R$ 70 bilhões para os próximos dois anos, não foi suficiente para aliviar as dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas. O mercado interpreta as medidas como paliativas e insuficientes para reduzir a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Ainda em discussão no Congresso Nacional, tanto o pacote de cortes quanto a mudança na tabela do IR enfrentam resistência. Analistas destacam que a incerteza fiscal se reflete diretamente no câmbio, contribuindo para a desvalorização do real e o aumento da instabilidade econômica.
Real: ranking mundial de desvalorização cambial em 2024
De acordo com o levantamento, as moedas que mais perderam valor em relação ao dólar em 2024 são:
Filipinas: -5,5%
Sudão do Sul: -69,8%
Etiópia: -56,0%
Nigéria: -47,0%
Egito: -37,7%
Venezuela: -23,3%
Gana: -21,9%
Argentina: -20,0%
Brasil: -19,1%
México: -16,9%
Rússia: -16,5%
Turquia: -14,6%
Colômbia: -12,0%
Hungria: -11,6%
Cazaquistão: -10,7%
Chile: -9,9%
Uruguai: -8,9%
Angola: -8,5%
Ucrânia: -8,5%
Bangladesh: -8,3%
Suécia: -8,2%
Noruega: -8,0%
Nova Zelândia: -6,7%
Coreia do Sul: -6,7%
Japão: -6,6%
República Tcheca: -6,6%
Papua-Nova Guiné: -6,1%
Paraguai: -6,1%
Taiwan: -5,9%
Gâmbia: -5,6%
A desvalorização do real reforça desafios fiscais e incertezas sobre a recuperação econômica do Brasil. Para analistas, reformas estruturais e ajustes fiscais devem ser mais fortes para estabilizar a moeda e retomar a confiança do mercado.