Entre expectativas de inflação e a desvalorização da moeda, os brasileiros acompanham de perto o comportamento do Banco Central, instituição responsável por equilibrar as variáveis econômicas do país. Recentemente, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, reforçou o papel da autoridade monetária e trouxe reflexões sobre a dinâmica cambial, as expectativas do mercado e os desafios da política fiscal.
Autoridade monetária e o câmbio flutuante
Galípolo destacou que o Banco Central não intervém de forma arbitrária no câmbio. “Segurar o câmbio no peito” não é uma prática viável, considerando o modelo de câmbio flutuante, um dos pilares da economia brasileira. A moeda americana, que recentemente superou a marca de R$ 6, reflete não apenas a dinâmica do mercado global, mas também as percepções de risco e confiança no cenário fiscal interno.
A reserva cambial brasileira, estimada em R$ 370 bilhões, dá ao BC capacidade para intervenções pontuais em situações de disfuncionalidade econômica. No entanto, o economista reiterou que essas ações são medidas excepcionais, preservando o modelo atual que permite maior liberdade ao mercado.
Inflação, ajustes fiscais e mercado financeiro
Informações desencontradas sobre o pacote de cortes de gastos do governo impulsionaram o recente movimento de desancoragem das expectativas de inflação. Galípolo ressaltou que a divulgação antecipada e incompleta dessas medidas gerou especulações.
A reforma fiscal, que inclui a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, também impactou o dólar. Consequentemente, a valorização da moeda americana foi uma resposta do mercado, sobretudo, à falta de clareza inicial sobre como o governo equilibrará suas contas.
Perspectivas e desafios econômicos
O diretor apontou que o cenário econômico atual é dinâmico, com um contexto de desemprego em baixa e juros elevados. Essa combinação demanda cautela na condução da política monetária. Durante o Fórum Político da XP, Galípolo sinalizou que não haverá mudanças na política cambial, mantendo o direcionamento sob Roberto Campos Neto até sua possível transição para a presidência do BC em 2025.
Com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) se aproximando, o mercado aguarda definições sobre os próximos passos na política de juros. Galípolo, no entanto, evitou antecipar qualquer medida, reforçando a postura técnica da instituição.