Conteúdo Patrocinado
Anúncio SST SESI

Tarcísio reconhece impacto de discursos no aumento da violência policial

O governador Tarcísio de Freitas reconheceu que seus discursos contribuíram para o aumento da violência policial em São Paulo. Em evento, admitiu erros na comunicação e refletiu sobre a necessidade de equilíbrio para evitar permissividade e garantir normas de segurança
Na imagem, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que reconheceu o peso de suas falas no aumento da violência policial
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, admitiu que sua retórica em segurança pública influenciou no aumento da violência policial no estado. Durante um evento na noite desta sexta-feira (7), no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em São Paulo, ele reconheceu que erros no discurso podem levar a consequências negativas. “Os erros que cometemos têm reflexos. Precisamos refletir profundamente sobre onde erramos no discurso, pois ele tem peso e pode gerar direcionamentos e consequências erradas”, afirmou.

Como aconteceu o discurso a favor da violência policial?

A declaração ocorre em um contexto de denúncias crescentes de abuso de poder e homicídios cometidos por policiais, muitos registrados por câmeras. O governador citou a professora Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que destacou o impacto dos discursos das autoridades sobre a conduta policial. Segundo ela, mensagens populistas que exaltam o uso da força podem acabar prejudicando os próprios policiais.

“O que as autoridades dizem tem um impacto enorme, às vezes maior do que qualquer tecnologia. Discursos populistas que validam o uso irrestrito da força colocam os policiais na linha de risco, porque eles acabam responsabilizados por eventuais excessos”, alertou Joana.

Tarcísio também reconheceu que ainda não encontrou um equilíbrio para o tom de suas declarações. Ele destacou a dificuldade em modular o discurso para oferecer segurança jurídica (em vez de violência policial) aos policiais sem sugerir permissividade: “Como não permitir o descontrole? Como deixar claro que não existe salvo-conduto? Tenho muitas dúvidas e poucas respostas”, admitiu.

Mudança de perfil?

Ao admitir a violência policial, o posicionamento do governador contrasta com declarações feitas no início do ano. Em março, ao ser questionado sobre denúncias de abusos policiais na Baixada Santista durante a Operação Verão, Tarcísio afirmou que não estava “nem aí” para as críticas, minimizando o aumento de mortes causadas por policiais militares na região, que havia quintuplicado nos dois primeiros meses do ano. Na ocasião, ele disse: “Podem ir na ONU, na Liga da Justiça ou no raio que o parta, que eu não estou nem aí”.

Volta das câmeras corporais?

Em meio ao aumento da violência policial, o governador Tarcísio de Freitas admitiu arrependimento por sua postura inicial contra o uso de câmeras corporais pela polícia. Ele reconheceu que os dispositivos oferecem segurança jurídica aos agentes e funcionam como um mecanismo de contenção. Estudos apontam que, após a adoção das câmeras pela PM de São Paulo, a letalidade (violência) policial caiu 62,7% entre 2019 e 2022, evidenciando seu impacto positivo.

Confira nossos canais
Siga nas Redes Sociais
Notícias Relacionadas