O Ibovespa fechou com um leve avanço de 0,01% no último pregão do ano, atingindo 120.283,40 pontos. Apesar da recuperação no final, o principal índice da bolsa brasileira acumulou uma queda expressiva de 10,36% no ano, o pior desempenho desde 2021.
Um ano desafiador para a bolsa e o dólar
A queda do Ibovespa em 2024 reflete o cenário de incertezas econômicas e políticas. Enquanto isso, o dólar disparou 27,34% no ano, alcançando R$ 6,1802 no fechamento desta segunda-feira (30). Este foi o maior salto da moeda norte-americana desde 2020, mostrando a pressão do câmbio sobre a economia brasileira.
No último pregão, os investidores reagiram ao Boletim Focus, que trouxe a 11ª revisão consecutiva de alta nas projeções de inflação para 2025. O dado reforça os desafios que o país enfrentará no próximo ano.
Dados fiscais e transição no Banco Central
Novembro trouxe um déficit primário de R$ 6,620 bilhões para o setor público, conforme divulgado pelo Banco Central. Embora negativo, o resultado foi melhor que as expectativas do mercado e menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado (R$ 37,270 bilhões).
Outro destaque foi a transição no comando do Banco Central. Gabriel Galípolo, que assume na quarta-feira (1º), promete uma nova dinâmica na condução da política monetária. A troca de liderança ocorre em um momento de alta sensibilidade no mercado financeiro.
Ações e movimentações do Ibovespa
O último dia de negociações na B3 foi marcado por destaques individuais. Americanas (AMER3) registrou alta de mais de 54%, com o fim do período de bloqueio para venda de ações entregues no processo de recuperação judicial.
Entre os papéis em alta, Azul (AZUL4) buscou reduzir perdas acumuladas no ano, enquanto Brava Energia (BRAV3) avançou após a retomada de operações em seus campos de petróleo. No entanto, Automob (AMOB3) liderou as quedas, devolvendo ganhos recentes.
Já entre as gigantes, Petrobras subiu mais de 1% com apoio do preço do petróleo e de declarações da presidente da estatal, Magda Chambriard. Vale, por outro lado, encerrou o dia em queda, mesmo com a leve recuperação do minério de ferro.
No acumulado de 2024, Embraer (EMBR3) foi o grande destaque positivo, com valorização de mais de 152%. Na contramão, Azul (AZUL4) fechou como a maior perda, com queda de 92%.
Cenário internacional e mercados globais
Nos Estados Unidos, a proximidade do feriado de Ano Novo levou à realização de lucros no setor de tecnologia. O índice PMI, que mede a atividade econômica, caiu para 36,9 em dezembro, reforçando os sinais de contração da economia americana.
Ainda assim, o mercado imobiliário mostrou força, com contratos de compra de casas usadas subindo pelo quarto mês consecutivo. Esses dados reforçaram a aposta de que o Fed manterá as taxas de juros inalteradas na próxima reunião, atualmente entre 4,25% e 4,50%.
O que esperar para 2025?
Com um cenário global cheio de incertezas e uma economia brasileira ainda em recuperação, o início de 2025 promete desafios para investidores. A atenção estará voltada para as decisões do Banco Central do Brasil, políticas econômicas do governo e os impactos das movimentações internacionais.