O câmbio brasileiro fechou 2024 com uma desvalorização de 21,82% em relação ao dólar Ptax, consolidando o real como a moeda mais desvalorizada entre 27 economias analisadas pela consultoria Elos Ayta. O cenário reflete um ano desafiador para o Brasil, marcado por tensões internas e impactos externos.
Um ano difícil para o real
A queda de 21,82% é a maior desde 2020 e a terceira mais forte em termos nominais desde 2010. O pior desempenho ocorreu em 2015, com uma desvalorização de 31,98% durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, seguido por 2020, quando a pandemia de Covid-19 derrubou mercados globais e o real perdeu 22,44% de seu valor.
“A performance do real em 2024 ilustra os desafios enfrentados pelo Brasil em um cenário global adverso e incertezas domésticas”, explica Einar Riverno, analista da Elos Ayta. Ele destaca que, ao observar as flutuações cambiais dos últimos 15 anos, fica evidente a volatilidade estrutural da economia brasileira.
Fatores externos pressionaram moedas emergentes
Além do real, outras moedas de países emergentes sofreram desvalorização em 2024. As eleições nos Estados Unidos tiveram um impacto importante no mercado cambial global. A vitória de Donald Trump trouxe expectativas de políticas protecionistas, que devem fortalecer a economia norte-americana e aumentar o valor do dólar internacionalmente.
O cenário externo desafiador foi agravado por tensões internas no Brasil.
“Internamente, o pacote fiscal anunciado pelo governo no final de 2024 gerou preocupações entre investidores, provocando um êxodo de capitais e aumentando a pressão sobre a moeda brasileira”, aponta o analista da Elos Ayta.
Caminhos para evitar a desvalorização do real
A recuperação do real no próximo ano dependerá de ações consistentes no plano interno e de um ambiente global mais estável. Reformas estruturais capazes de atrair investimentos estrangeiros e sinalizações claras de compromisso com a disciplina fiscal serão importantes para o próximo ano.
“Para 2025, será fundamental que o governo demonstre capacidade de conter a inflação e promover um crescimento sustentável”, sugere Einar Riverno. Segundo ele, tais medidas podem restaurar a confiança do mercado e reduzir a desvalorização do real.
Análise do Jornal da Gente da Rádio Bandeirantes.









