Depois da polêmica com a taxação do PIX, o governo enfrentou nesta sexta-feira (24/1) mais uma crise de comunicação. Desta vez, o problema surgiu por causa de rumores sobre o congelamento de preços dos alimentos, algo que não acontece no Brasil há quase 40 anos. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, precisou vir a público para negar essas informações e esclarecer que nenhuma medida desse tipo será adotada.
Especulações de que o governo poderia tabelar os preços nos supermercados para conter o aumento dos preços se espalharam pelas redes sociais, gerando críticas e confusão. Rui Costa deixou claro que essas medidas não fazem parte das estratégias atuais e que o governo está focado em alternativas mais práticas para lidar com a inflação dos alimentos.
O que o governo disse sobre o congelamento de preços dos alimentos
Rui Costa afirmou: “Quero reafirmar taxativamente: nenhuma medida heterodoxa será adotada. Não haverá congelamento, tabelamento ou fiscalização nos supermercados. O presidente Lula até brincou: ‘Não terá fiscal do Lula nos supermercados e feiras’”.
A declaração foi feita para esclarecer que o governo não pretende repetir as políticas do passado, como as adotadas nos anos 1980, durante o Plano Cruzado. Naquela época, o congelamento de preços dos alimentos foi usado para tentar controlar a inflação, mas causou desajustes no mercado, gerando uma inflação residual que levou ao descongelamento de preços em 1987.
Aloizio Mercadante já defendeu o congelamento dos preços no Plano Cruzado
Em 1986, o então economista da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e hoje presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, divulgou um vídeo destacando o sucesso do congelamento dos preços, uma medida do Plano Cruzado, lançado por José Sarney e Dilson Funaro em 28 de fevereiro. O plano vigorou até 16 de janeiro de 1989, quando foi substituído pelo Cruzado Novo. A inflação entre março e dezembro de 1986 chegou a 606,20%. Na epoca, Mercadante atuava como “Fiscal do Sarney”. Confira:
Boatos e desinformação ampliaram a crise sobre o congelamento de preços
Essa nova crise foi provocada pela circulação de informações falsas, como a ideia de que o governo criaria uma rede estatal de mercados ou congelaria preços. Rui Costa desmentiu essas suposições e explicou que nenhuma dessas propostas foi discutida.
Segundo o ministro, o governo está estudando alternativas, como reduzir impostos de importação de alimentos mais baratos no mercado internacional. Além disso, acredita-se que a supersafra agrícola de 2025, após um ano difícil para o setor, ajudará a diminuir os preços.
Como o governo está lidando com isso
O governo reconhece que precisa melhorar sua comunicação para evitar crises como essa. Boatos e informações distorcidas podem causar instabilidade e prejudicar a confiança do mercado. Por isso, a ideia é reforçar a divulgação oficial e esclarecer rapidamente possíveis mal-entendidos.
A inflação dos alimentos segue como um dos maiores desafios do país, mas o governo aposta em medidas que respeitem o mercado e ajudem a reduzir os preços para os consumidores.