O setor público consolidado – que inclui União, Estados, municípios e estatais – registrou um déficit nominal de R$ 998 bilhões em 2024, o maior da série histórica iniciada em 2002. Apesar da cifra elevada, houve melhora nos últimos meses, já que o rombo havia atingido R$ 1,128 trilhão em julho.
O que é o déficit nominal do setor público?
O déficit nominal do setor público considera o saldo entre receitas e despesas, além dos juros da dívida, que foram o principal fator para o resultado negativo. Em 2024, os gastos com juros somaram R$ 950,4 bilhões, o maior valor já registrado. A taxa básica de juros deve subir para 14,25% ao ano na próxima reunião do Copom para conter a inflação. Os dados vieram a público pelo Banco Central nesta sexta-feira (31/01).
Diferença entre déficit primário e nominal
Ao contrário do nominal, o déficit primário, que exclui o pagamento de juros da dívida, foi de R$ 47,6 bilhões, bem abaixo dos R$ 249,1 bilhões de 2023. Esse recuo foi impulsionado pela arrecadação recorde do governo, que totalizou R$ 2,71 trilhões – uma alta real de 9,62% em relação a 2023.
Parte desse aumento veio de receitas extraordinárias, como a tributação de fundos exclusivos (R$ 13 bilhões) e a atualização de bens e direitos no exterior (R$ 7,7 bilhões). No entanto, essas receitas não se repetirão em 2025, o que pode dificultar o equilíbrio fiscal e agravamento do déficit nominal do setor público.
A dívida bruta do governo geral encerrou 2024 em 76,1% do PIB, um aumento de 2,2 pontos percentuais no ano e 4,4 pontos desde o início do governo Lula. Em dezembro, o total da dívida chegou a R$ 9 trilhões.
O orçamento de 2025 prevê um acréscimo de R$ 11 bilhões na receita líquida, mas ainda não foi votado pelo Congresso.