Nos Estados Unidos, milhões de abelhas morreram recentemente, provocando grandes perdas para apicultores e agricultores. A situação se agravou na Califórnia, onde a polinização das amendoeiras, um dos processos agrícolas mais importantes do país, depende dessas colmeias. O prejuízo devido às mortes das abelhas já ultrapassa centenas de milhões de dólares, enquanto especialistas tentam entender o que está causando essa perda sem precedentes.
Por que as abelhas estão morrendo e qual o impacto financeiro?
A crise se tornou evidente quando os apicultores retomaram suas operações após o inverno e descobriram que metade ou mais de suas colmeias estavam vazias. Em algumas fazendas, as perdas chegaram a 100%, gerando preocupação sobre o impacto na produção agrícola. O fenômeno lembra o Distúrbio do Colapso das Colônias, registrado entre 2007 e 2008, quando abelhas desapareceram misteriosamente.
Os danos financeiros já passam de US$ 139 milhões, ou seja, 792,3 milhões de reais, de acordo com um levantamento realizado por grupos do setor apícola. Além das perdas diretas, a crise também afeta a agricultura, pois as abelhas são fundamentais para a polinização de culturas como amêndoas, maçãs, mirtilos e cerejas. Com a redução no número de colmeias, a produtividade dessas lavouras pode cair, comprometendo o abastecimento. Esse desequilíbrio tende a elevar os preços dos alimentos nos mercados, impactando a economia dos Estados Unidos.
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Morte das abelhas intriga cientistas e levanta dúvidas sobre causas
Pesquisadores da American Beekeeping Federation, da American Honey Producers Association e da Adee Honey Farms analisam o que pode estar por trás dessa mortalidade em larga escala. Os fatores comuns, como infestação por ácaros varroa, não parecem ser os responsáveis desta vez. Análises estão sendo feitas para identificar vírus, parasitas e resíduos de pesticidas que possam estar afetando as colônias.
“Estamos diante de uma situação crítica”, afirmou Danielle Downey, diretora do Project Apis m., organização dedicada à proteção das abelhas, em entrevista à Forbes Brasil. Segundo ela, as colmeias mortas ainda tinham reservas de mel, mas quase nenhuma abelha adulta foi encontrada, o que dificulta a identificação de uma causa clara.
Morte das abelhas nos EUA: risco de escassez e alta nos preços de alimentos
O impacto da morte das abelhas vai além dos apiários. A Califórnia, maior produtora de amêndoas do mundo, depende diretamente dessas colmeias para a polinização de seus pomares. Com o número de abelhas em queda, produtores agrícolas enfrentam dificuldades para manter suas safras.
“A falta de abelhas pode levar a uma escassez importante de produtos como amêndoas, maçãs e outras frutas”, explicou o apicultor Blake Shook. “Se essa tendência continuar, os preços desses alimentos podem subir rapidamente“, concluiu.
A polinização das amendoeiras é o primeiro grande desafio do ano para os apicultores, mas não será o único. Outras culturas, como mirtilos e cerejas, também dependem das abelhas, e a falta desses insetos pode comprometer a colheita nos próximos meses.
Apicultores enfrentam dificuldades para manter negócios
Para os criadores de abelhas, as perdas sucessivas ameaçam a sobrevivência de suas atividades. Tim Hollmann, apicultor na Dakota do Sul, relatou que gastou US$ 250 mil, aproximadamente R$ 1,42 milhão no ano passado para repor abelhas e enfrenta um problema semelhante este ano.
“A cada temporada, a situação piora. Não sei por quanto tempo ainda conseguiremos continuar”, desabafou.
Além da morte das abelhas, os apicultores também lidam com a concorrência do mel importado a preços mais baixos, o que reduz ainda mais suas margens de lucro.
“Mesmo quando conseguimos manter as abelhas vivas e produzir mel, estamos sendo pressionados de todos os lados”, afirmou o apicultor.
Roubo de colmeias e morte das abelhas agravam crise do setor
Com a escassez, a morte das abelhas e a alta demanda, o furto de colmeias se tornou um problema. A California State Beekeepers Association estima que os roubos aumentaram 87% desde 2013, resultando em prejuízos de mais de US$ 3,5 milhões, quase 20 milhões de reais. Para combater essa prática, a entidade firmou parceria com uma agência especializada na investigação de crimes agrícolas.
O futuro da polinização está ameaçado?
A crise nos Estados Unidos levanta preocupações sobre o futuro da produção agrícola. Se as perdas e mortes das abelhas continuarem aumentando, o abastecimento de alimentos pode ser afetado, elevando os custos para consumidores e produtores, impactando na economia do país. Cientistas seguem analisando amostras em busca de respostas, enquanto agricultores e apicultores tentam conter os danos.
Embora a causa exata da morte das abelhas ainda seja desconhecida, especialistas alertam que medidas urgentes são necessárias para proteger esses insetos fundamentais para o equilíbrio ambiental e a segurança alimentar. Por fim, sem uma solução eficaz, o impacto econômico e ecológico pode ser ainda mais grave nos próximos anos nos Estados Unidos.