As herdeiras do banqueiro Aloysio de Andrade Faria seguem com a estratégia de venda de ativos do conglomerado construído pelo patriarca. A mais recente operação em discussão no mercado envolve a possível venda da Águas Prata. Conforme publicado pelo Relatório Reservado, o Grupo Edson Queiroz, dono das marcas Minalba e Indaiá, já teria recebido chamado de oferta da empresa. Dessa forma, a movimentação segue a tendência de outras transações recentes, nas quais os herdeiros optaram por se desfazer de parte do patrimônio herdado.
Águas Prata: Tradição e relevância no setor de águas minerais
A venda da Águas Prata chama atenção do mercado devido à longa tradição da empresa no setor de águas minerais e bebidas. Fundada em 1876, a empresa opera na cidade que leva seu nome, acumulando mais de 149 anos de experiência no envase de água mineral.
No portfólio da Águas Prata, estão diversos produtos, como Água Mineral Natural, Água Mineral com Gás e a linha Prata Mixers. Essa linha contempla vários outros produtos, como: Ginger Beer Prata, Tônica Zero Prata, Pink Lemonade Prata, Tônica Prata, Club Soda Prata, Citrus Prata, Tônica Indian Prata, Ginger Beer Prata e Kit Degustação Prata Mixers.
A possível aquisição desse portfólio pelo Grupo Edson Queiroz fortaleceria sua liderança no mercado e ampliaria sua oferta de produtos.
Além disso, a companhia também controla a água mineral Serras da Cunha, o que ampliaria ainda mais a presença do Grupo Edson Queiroz no setor de águas minerais no Brasil. A venda da Águas Prata e de suas marcas associadas pode provocar uma transformação relevante no mercado.
Procurado, o Grupo Edson Queiroz informou ao Economic News Brasil que não irá comentar sobre questões estratégicas.
Assista ao vídeo institucional da Águas Prata com sua trajetória:
Vendas recentes pela herdeiras do Grupo Alfa
Nos últimos anos, as herdeiras de Aloysio Faria já realizaram várias transações envolvendo a venda de empresas e bancos que estavam sob o controle da família, modificando a estrutura do conglomerado. A venda da Águas Prata pode representar a penúltima grande negociação.
Assim, já venderam os seguintes ativos:
- La Basque: A tradicional sorveteria premium foi adquirida pela Flamboyant, empresa do setor de laticínios e sorvetes do Pará. Criada em 1980, a La Basque iniciou um novo modelo de franquias em 2022, com previsão de abrir 100 unidades em cinco anos. No entanto, os valores da transação não foram divulgados e aguardam aprovação do Cade.
- Rádio Transamérica: O grupo liderado por João Camargo, CEO da CNN Brasil, comprou a emissora.
- Terreno na Barra da Tijuca: A venda do imóvel, considerada a maior transação imobiliária do país em 2023, foi avaliada em R$ 370 milhões.
Outras empresas e bancos negociados pelas herdeiras de Aloysio Faria nos últimos anos
A estratégia de desinvestimento da família também incluiu:
- Banco Alfa: O Grupo Safra adquiriu o banco em novembro de 2022 por R$ 1,03 bilhão. Além disso, ambas as instituições financeiras continuam operando de forma independente.
- Delta National Bank: O Grupo J. Safra também comprou esse banco menos de uma semana após a aquisição do Banco Alfa. Entretanto, o valor não foi divulgado.
- Hotel Transamérica: O BTG Pactual concluiu a compra em novembro de 2022.
- Rede de lojas de materiais de construção C&C: A Arcos Gestão e Investimento (AGI) assumiu o controle da empresa em outubro de 2023. A operação, estruturada pela Prisma Capital com assessoria do BTG Pactual, teria sido fechada por R$ 400 milhões, segundo fontes do setor.
Próximo ativo na linha de negociação após venda da Águas Prata
As herdeiras ainda mantêm no portfólio uma empresa relevante:
- Agropalma: Produtora de óleo de palma, a companhia passou a ser liderada pelo novo CEO, André Dias, que assumiu o comando em julho de 2024. Sua missão é aumentar a produtividade e reorganizar as operações já visando a futura venda.
O conglomerado Alfa agora conta com a gestão de um conselho familiar composto pelas cinco herdeiras do banqueiro, Lúcia, Junia, Flávia, Cláudia e Cristiane, além de genros e netos.
Confira vídeo com trajetória do banqueiro de Aloysio de Andrade Faria:
Venda da Águas Prata e a reestruturação patrimonial
Após o falecimento de Aloysio de Andrade Faria, em 2020, o grupo levou nove meses para estruturar esse conselho, com o objetivo de administrar um patrimônio superior a R$ 10 bilhões. Por isso, atualmente, os herdeiros focam na continuidade dos negócios e utilizam os recursos disponíveis para identificar novas oportunidades de investimento. A possível venda da Águas Prata faz parte desse movimento de reestruturação patrimonial.
A diretriz do patriarca sempre foi assegurar que a transição ocorresse de maneira profissionalizada, sem mudanças abruptas na administração. Dessa forma, busca-se preservar o legado e a estabilidade do capital do conglomerado ao longo do tempo.