A economia tokenizada emerge como uma revolução no setor financeiro, impulsionada pela tecnologia blockchain e pela crescente digitalização dos ativos. A volatilidade extrema no preço de muitos criptoativos causa assim, questionamentos sobre a estabilidade desse ecossistema e o impacto da hiperinflação digital na economia global.
O que é a hiperinflação digital?
A hiperinflação digital ocorre quando a oferta de um token cresce a um ritmo acelerado, desvalorizando seu valor a ponto de comprometer a confiança dos investidores. Diferente da hiperinflação monetária tradicional, que é resultado do excesso de emissão de moeda por bancos centrais, a hiperinflação no mercado de criptoativos é frequentemente causada por má gestão da tokenomics, falta de demanda e liquidez ou por projetos que despejam grandes quantidades de ativos digitais no mercado sem controle adequado.
O impacto da tokenização no sistema financeiro
A tokenização promete democratizar o acesso a investimentos, permitindo a fracionação de ativos e aumentando a liquidez. Segundo um relatório da MIT Technology Review, o mercado de ativos tokenizados deve atingir US$ 4 trilhões até 2030. Esse crescimento é impulsionado pela integração de blockchain nos meios de pagamento e pelo desenvolvimento de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), como o Drex, do Banco Central do Brasil.
A tokenização abre espaço para riscos e isso inclui a possibilidade de hiperinflação digital em redes descentralizadas e por isso, o controle da emissão de tokens se torna inadequado. Projetos sem mecanismos robustos de governança descentralizada podem se tornar insustentáveis, minando a credibilidade do mercado financeiro.
Tokenomics: o segredo para a estabilidade
A tokenomics, ou economia dos tokens, é o estudo da oferta e demanda dentro dos sistemas blockchain. Para evitar hiperinflação digital, é crucial que os projetos adotem mecanismos como:
- Oferta limitada: Um suprimento máximo de tokens definido desde o início, como no Bitcoin, que tem um teto de 21 milhões de unidades.
- Halving: Redução periódica na emissão de novos tokens, diminuindo a inflação ao longo do tempo.
- Queima de tokens: Remoção deliberada de tokens do mercado para reduzir a oferta circulante.
- Distribuição planejada: Estratégias de liberação gradual dos tokens para evitar despejos abruptos.
Projetos que negligenciam esses aspectos podem enfrentar colapsos semelhantes às crises inflacionárias de economias emergentes, onde o excesso de emissão monetária leva à desvalorização extrema e compromete a confiança dos investidores.
Saiba mais sobre o sistema financeiro e a hiperinflação digital no vídeo abaixo:
Casos práticos e impactos reais da hiperinflação digital
Exemplos recentes demonstram o potencial e os riscos da hiperinflação digital na tokenização. O Token da Vila (MBSANTOS01), vinculado ao mecanismo de solidariedade da FIFA, gerou aproximadamente R$ 18 milhões com a transferência de Neymar para o Al-Hilal. Esse modelo inovador de financiamento esportivo atraiu investidores e também ilustrou os desafios da precificação especulativa.
No setor imobiliário, a MB Tokens e a Braspark desenvolveram tokens lastreados em contratos de aluguel de galpões logísticos. Essa abordagem amplia o acesso a investimentos antes restritos a grandes investidores, mas depende de regras claras para evitar bolhas especulativas.
A hiperinflação digital é um desafio emergente em um mercado financeiro que busca estabilidade e adoção em massa. Para que a economia tokenizada cumpra seu potencial disruptivo sem comprometer a confiança dos investidores, é essencial o desenvolvimento de mecanismos eficientes de controle da emissão de tokens e a adoção de boas práticas de governança descentralizada. Somente assim esse novo modelo econômico poderá sustentar um crescimento sólido e confiável no longo prazo.