A “taxa da blusinha” levou a Temu a suspender remessas diretas da China aos Estados Unidos, mudando sua abordagem comercial no maior mercado do mundo.
A varejista chinesa Temu anunciou mudanças importantes em sua operação internacional. A decisão de encerrar o envio direto de produtos da China para consumidores norte-americanos veio após a aplicação da “taxa da blusinha”, nova política que remove a isenção de impostos para encomendas de até US$ 800 (R$ 4.525), com impacto direto nas vendas de e-commerce nos EUA.
Temu adota nova estratégia de mercado para manter competitividade
A nova estratégia de e-commerce da Temu consiste em operar por meio de comerciantes estabelecidos nos EUA. Dessa forma, a empresa contorna os custos adicionais impostos pela taxa de importação dos EUA, mantendo seus preços competitivos para o consumidor local.
Esse movimento faz parte de uma estratégia de negócios internacionais mais ampla da Temu, que já atua em outros mercados ocidentais. A empresa está recrutando novos vendedores e ajustando a logística para manter a eficiência, mesmo com as barreiras comerciais.
Com a medida, a estratégia de mercado da Temu passa a priorizar a atuação local, sem depender exclusivamente da importação direta da China.
Impacto das tarifas comerciais EUA e a guerra com a China
As novas regras fiscais norte-americanas fazem parte de um contexto mais amplo de guerra comercial EUA-China, que envolve tarifas de até 145% sobre produtos importados da China. O impacto das tarifas comerciais EUA tem sido profundo, afetando empresas como a Temu que se apoiavam em modelos de envio direto e baixo custo.
A China, por sua vez, respondeu com tarifas sobre produtos norte-americanos, intensificando os desafios do comércio eletrônico internacional. Em paralelo, autoridades chinesas indicaram disposição para retomar as negociações com os EUA, desde que as tarifas sejam revistas.
Comércio eletrônico e tarifas internacionais desafiam modelo de negócios
Plataformas de e-commerce como a Temu vêm enfrentando obstáculos à medida que políticas protecionistas ganham força. O cenário atual mostra como tarifas de importação e mercado global estão diretamente conectados, influenciando preços, estratégias logísticas e até investimentos em e-commerce.
Segundo dados da Alfândega dos EUA, as remessas isentas cresceram mais de 600% em 10 anos, com mais de 1 bilhão de pacotes no ano fiscal de 2023. Desse modo, a mudança na legislação tenta conter esse avanço, redesenhando o cenário do e-commerce global.
Reflexos no Brasil e adaptação ao mercado latino-americano
A importação de produtos no Brasil também foi alvo de mudanças. Ademais, desde 2024 o país passou a tributar compras internacionais de baixo valor — medida que também ficou conhecida como taxa da blusinha no contexto brasileiro.
Para especialistas, o aumento de barreiras comerciais deve forçar plataformas globais a adaptar suas operações nos países emergentes. O mercado de e-commerce no Brasil é um dos mais promissores da região, e empresas como a Temu estudam como se posicionar diante das novas regras.
Vendas da Temu nos EUA sob pressão, mas com foco na continuidade
Embora as vendas da Temu nos EUA possam sofrer impacto no curto prazo, a companhia afirma que manterá o padrão de atendimento e continuará comprando de fornecedores chineses para abastecer mercados onde as tarifas são menores.