Ao completar os 100 dias de governo de Donald Trump em seu segundo mandato, medidas adotadas de forma unilateral ampliaram a disputa comercial com países parceiros e aumentaram as incertezas econômicas globais. A avaliação é do especialista em finanças Pedro Brandão, CEO da CredÁgil, que analisou para o Economic News Brasil os impactos dessas ações sobre a economia dos Estados Unidos e o comércio internacional.
“As ações vieram sem consulta a parceiros estratégicos e já estão causando efeitos negativos no setor produtivo dos próprios Estados Unidos”, afirma Brandão. Ele destaca que a elevação de tarifas de importação agravou a desconfiança internacional e a instabilidade nos mercados.
Impactos econômicos dos 100 dias de governo de Donald Trump
As medidas tarifárias adotadas por Trump atingiram diretamente nações como China, México, Vietnã e Brasil. No caso brasileiro, o aumento sobre o aço e o etanol gerou preocupações no setor. “Os Estados Unidos ainda dependem desses insumos, e substituí-los exige tempo e custo elevado”, observa o especialista.
Em abril, a Casa Branca confirmou que as tarifas de importação sobre produtos chineses chegariam a 245%, um salto em relação aos já elevados 145% anunciados anteriormente por Trump. A decisão surpreendeu o mercado e acentuou o clima de instabilidade comercial. A China, principal parceiro estratégico dos Estados Unidos, movimenta mais de US$ 600 bilhões anuais em comércio bilateral com o país.
Estratégia dos 100 primeiros dias gera instabilidade
Durante os 100 dias de governo de Donald Trump, a Casa Branca publicou dezenas de decretos sobre comércio, educação, cultura e relações internacionais. O volume e a rapidez das decisões geraram confusão e dificultaram o acompanhamento por parte da oposição e do próprio mercado.
“Essa avalanche de decisões desorganiza e confunde, prejudicando a previsibilidade necessária para investidores e diplomatas”, avaliou Brandão. Muitas dessas ordens executivas estão sendo contestadas judicialmente.
Trump enfraquece alianças nos 100 dias de governo
O presidente promoveu o afastamento dos Estados Unidos de instituições multilaterais. O país deixou o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), cortou recursos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e desacreditou a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Para Brandão, esses movimentos nos 100 dias de governo de Donald Trump comprometem décadas de construção diplomática. “Ao se afastar de organismos que sustentam a governança global, os Estados Unidos perdem influência e abrem espaço para rivais geopolíticos”, afirmou Brandão.
Os reflexos finais dos 100 dias de governo de Donald Trump
O governo cortou verbas bilionárias para universidades como Harvard (US$ 2,2 bilhões) e Columbia (US$ 400 milhões), suspendeu recursos para museus e extinguiu programas de diversidade e inclusão. Além disso, voltou a se opor ao Acordo de Paris, afetando diretamente a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no Brasil.
“Essas ações nos 100 dias de governo de Donald Trump mostram uma guinada que pode isolar os EUA de decisões estratégicas para o futuro do planeta”, destacou Pedro Brandão.










