Sócio do Terra Bank e assessor do presidente da Conafer, Cícero Marcelino é apontado pela Polícia Federal (PF) como operador em um esquema de fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A apuração integra a Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril, que provocou as exonerações do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
As investigações foram impulsionadas por reportagens do portal Metrópoles, mencionadas 38 vezes na representação da PF que originou a operação. A Controladoria Geral da União (CGU) também atua no caso.
Terra Bank se aproximou da Conafer em parcerias financeiras
Conforme publicado pelo portal Metrépoles, o Terra Bank foi lançado em maio de 2022, durante a ExpoZebu, em Uberaba (MG), com foco no agronegócio. Em seu site, a instituição afirma atuar com contas digitais livres de tarifas abusivas. A Conafer foi uma das primeiras entidades a firmar parceria com o banco, para facilitar o acesso de pequenos produtores a crédito e serviços financeiros.
Em março de 2024, as duas entidades anunciaram um novo acordo, prevendo R$ 5 bilhões em projetos de melhoramento genético bovino. Apesar de o Terra Bank não constar como alvo formal da investigação, sua ligação direta com Cícero Marcelino e com a Conafer reforça a atenção sobre a atuação da instituição.
Cícero Marcelino é citado em transações suspeitas
De acordo com os documentos da PF, Marcelino aparece como administrador da T.B Holding, empresa ligada ao Terra Bank, que tem como sócia a Farmlands Holding LLC, sediada no estado de Delaware (EUA), conhecido por sua legislação empresarial flexível.
A investigação aponta que Marcelino teria intermediado transações suspeitas com a cunhada de um servidor do INSS, Jobson de Paiva Sales, além de ter vínculos financeiros com José Laudenor, sócio do ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira.
Lavagem de dinheiro e descontos indevidos estão sob apuração
As movimentações descritas pela PF indicam um possível ciclo de lavagem de dinheiro, em que os valores retornavam ao remetente para ocultar a origem dos recursos. Os descontos aplicados a beneficiários do INSS estariam vinculados a serviços como plano de saúde, auxílio-funeral e seguro, supostamente oferecidos pela Conafer.
“A ligação entre Cícero Marcelino e a rede de associações sugere que este indivíduo e suas empresas possam ser mais uma peça no esquema de desvios de recursos do INSS”, diz a representação da PF.
Os citados na reportagem foram procurados pela reportagem, mas não retornaram os pedidos de esclarecimento até o momento.