As vendas de imóveis no Brasil registraram um crescimento de 15% entre janeiro e março de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. O avanço foi liderado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que respondeu por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no primeiro trimestre, conforme dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Mesmo com a taxa Selic em alta — atualmente em 14,75%, o maior patamar em quase duas décadas — o setor imobiliário demonstrou resiliência. Especialistas apontam que o desejo por moradia própria, aliado às condições facilitadas do programa habitacional federal, mantém a demanda aquecida.
Vendas de imóveis ganham força mesmo com juros altos
A alta nas vendas de imóveis surpreendeu analistas, considerando o cenário de crédito mais caro. Segundo Renato Correia, presidente da CBIC, os dados indicam um apetite consistente por habitação. Já o economista Celso Petrucci, do Secovi-SP, afirma que o brasileiro segue determinado a conquistar a casa própria, independentemente do ambiente macroeconômico.
Um dos principais fatores para o desempenho do setor foi a ampliação das regras do Minha Casa, Minha Vida. Em 2025, o programa passou a incluir famílias com renda de até R$ 12 mil, oferecendo financiamentos com juros nominais de até 10% ao ano. Isso ampliou o acesso ao crédito habitacional em um momento de restrições no mercado financeiro tradicional.
Além disso, o setor se beneficiou de lançamentos realizados ainda em 2024, que mantiveram o ritmo de entregas em alta no início deste ano.
Oferta de imóveis preocupa setor, apesar do avanço nas vendas
Apesar do bom desempenho nas vendas de imóveis, o número de novos lançamentos caiu 28,2% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2024. Entre outubro e dezembro do ano passado, foram lançadas 118.324 unidades residenciais; entre janeiro e março deste ano, o número caiu para 84.924.
A CBIC alerta que, se essa tendência continuar, a oferta disponível pode atender à demanda apenas pelos próximos oito meses. Isso levanta um ponto de atenção para os próximos trimestres, já que a falta de novos empreendimentos pode pressionar os preços no médio prazo.
Ainda assim, os números indicam que o mercado segue aquecido, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, onde o programa Minha Casa, Minha Vida tem maior adesão.
Veja no vídeo abaixo a documentação necessária para financiar um imóvel:
Vendas de imóveis devem se manter firmes em 2025
A expectativa da CBIC é de que as vendas de imóveis continuem em alta ao longo do ano, sustentadas pelo programa habitacional federal e pela estabilidade no mercado de trabalho. O setor também aguarda a possibilidade de redução gradual da Selic a partir do segundo semestre, o que pode impulsionar ainda mais o crédito e estimular novos lançamentos.
Enquanto isso, incorporadoras e construtoras buscam estratégias para manter o ritmo de produção sem comprometer a margem, diante do custo elevado dos financiamentos e da pressão por preços mais acessíveis.