O impacto do tarifaço no agronegócio brasileiro começa a se tornar evidente após o pacote de tarifas anunciado por Donald Trump contra centenas de países. A medida, embora polêmica, pode beneficiar o Brasil no curto prazo.
Com tarifas elevadas entre EUA e China, o agronegócio brasileiro se posiciona como alternativa estratégica no comércio internacional. A soja é destaque nesse movimento. Em 2024, o Brasil exportou 69 milhões de toneladas para a China, o que representa 70% da demanda chinesa pelo grão. Agora, com os EUA limitados por tarifas de até 145%, analistas preveem um salto nas exportações brasileiras.
A projeção é de uma safra recorde de 165 milhões de toneladas em 2025, um aumento de 13% frente ao ano anterior. Isso pode gerar um acréscimo superior a US$ 7 bilhões em receitas para o setor, mesmo com a possibilidade de desaceleração da economia chinesa.
Exportações para os EUA seguem estáveis com tarifa reduzida
O impacto do tarifaço no agronegócio brasileiro é limitado nas relações diretas com os EUA. A tarifa de 10% aplicada ao Brasil é menor em comparação com outros países. O equilíbrio na balança comercial entre as duas nações explica a medida mais branda. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões aos EUA e importou US$ 40,6 bilhões.
No setor cafeeiro, por exemplo, o impacto será mínimo. Os EUA continuam sendo o principal destino do café brasileiro, com uma participação de 16% nas exportações totais do produto. Mesmo com tarifa de 10%, a competitividade brasileira segue alta frente a países como Vietnã (46%).
Veja mais detalhes sobre o agronegócio brasileiro no vídeo abaixo:
Mercado de milho e novos acordos internacionais
O milho, terceiro produto mais relevante do agro nacional, também pode se beneficiar de forma limitada. O Brasil já responde por 48% das importações chinesas do cereal, que somam 11 milhões de toneladas. Mesmo sendo um mercado menor que o da soja, há espaço para avanço.
Paralelamente, a busca por novos parceiros comerciais se intensifica. As negociações entre Mercosul e União Europeia, que podem eliminar tarifas sobre mais de 90% dos produtos comercializados, ganham fôlego. Com o isolamento dos EUA, o Brasil mira fortalecer relações com Europa, Ásia e outros blocos regionais.
Agronegócio brasileiro: Brasil mais forte no comércio global
Mesmo em meio à instabilidade causada pelo tarifaço, o impacto no agronegócio brasileiro tende a ser positivo. O país está estruturado para ocupar espaços deixados por outros exportadores, especialmente nos mercados asiáticos.
Com infraestrutura logística consolidada, liderança em produção e bons indicadores cambiais, o Brasil está em posição privilegiada para expandir sua presença no comércio global. Ainda que o protecionismo avance, o agro brasileiro demonstra resiliência e protagonismo internacional.