PSDB recua de fusão com Podemos após meses de negociação intensa. A direção tucana interrompeu o processo após desentendimento sobre o modelo de gestão da nova legenda. A decisão marca uma reavaliação do caminho partidário, com foco em alianças mais viáveis com siglas do centro político.
Segundo o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), a proposta do partido previa um rodízio inicial na presidência, mas não deu certo.
“Nós propusemos um rodízio nos primeiros dois ou três anos e, depois, elegeríamos um diretório definitivo. Mas a contraproposta do Podemos é que eles queriam já este ano eleger uma direção por quatro anos. É uma exigência que não estava nem sendo cogitada e, para nós, é intransponível”, afirmou .
Impasse político enterra fusão entre PSDB e Podemos
Com o PSDB recuando da fusão com o Podemos, o partido já iniciou conversas com Republicanos, Solidariedade e MDB sobre a formação de uma federação. Apesar do desgaste, Aécio não descarta futuras tratativas com o Podemos — mas somente em outro formato.
A proposta de fusão entre PSDB e Podemos estava em estágio avançado. A convenção tucana de 5 de junho aprovou a união em caráter autorizativo. A nova legenda se chamaria PSDB+Podemos, visando atender à cláusula de barreira e preservar o fundo partidário. A estrutura permitiria também maior representatividade nas próximas eleições.
PSDB busca nova base aliada
O recuo do PSDB na fusão com o Podemos acontece em meio a um cenário de fragilidade partidária. Sem candidatura à Presidência em 2022 e com apenas 13 deputados eleitos, o partido tenta reconstruir sua força por meio de alianças estratégicas.
Fundado em 1988, o PSDB foi protagonista da redemocratização e elegeu Fernando Henrique Cardoso em dois mandatos. Hoje, busca reagrupar forças no centro democrático.
“O que nós queremos ainda é construir um caminho de centro para o Brasil. Vamos buscar parceiros para isso, com serenidade, com responsabilidade e principalmente com respeito ao legado e à história do PSDB”, disse Aécio ao Valor Econômico.
A fusão com o Podemos era vista como uma tentativa de manter espaço institucional. Com o recuo definitivo, o PSDB agora aposta em uma nova estratégia de recomposição política, reforçando contatos com partidos de centro e tentando evitar a perda de protagonismo no Congresso.