O governo federal deverá anunciar, ainda em julho, um novo pacote de incentivos focado na produção e venda do carro popular sustentável. Dessa forma, o modelo deve ser fabricado no Brasil e poderá receber isenção ou redução do IPI, desde que atenda aos requisitos de motorização até 1.0, potência máxima de 90 cavalos e critérios ambientais de eficiência.
A iniciativa surge no contexto da implantação do Mover (Mobilidade Verde e Inovação), programa que altera a lógica tributária sobre veículos. Com ele, o IPI deixará de ser calculado apenas pela cilindrada do motor e passará a considerar fatores como reciclabilidade, eficiência energética e emissões de carbono. O objetivo é acelerar a transição para modelos automotivos menos poluentes.
Benefícios e critérios para o carro popular sustentável
Hoje, um veículo nacional embute entre 35% e 40% de impostos em seu preço final. A reforma tributária poderá reduzir essa carga, ao substituir tributos atuais por um IVA estimado em 28%. No entanto, a aplicação de um imposto seletivo sobre produtos considerados nocivos ao meio ambiente pode neutralizar esse ganho. O impacto real sobre o valor final dos automóveis ainda é incerto.
Nesse cenário, o carro popular sustentável aparece como solução para democratizar o acesso ao transporte individual com menor impacto ambiental. A proposta do governo é garantir competitividade ao setor automotivo nacional e retomar o consumo de veículos compactos, que perdeu espaço para SUVs e modelos importados.
A medida também envolve forte articulação política e setorial. Grupos ligados às montadoras tradicionais e aos carros elétricos disputam influência sobre os critérios técnicos e fiscais.
Confira no vídeo mais informações sobre o programa do carro popular sustentável:
O especialista em finanças, Pedro Brandão, CEO da CredÁgil, destaca que “a política precisa equilibrar viabilidade econômica, como financiamento para a aquisição dos veículos, sustentabilidade e impacto social, o que exige decisões transparentes e embasadas”.
Nos bastidores do Congresso e do Executivo, o tema do carro popular sustentável também reflete disputas regionais, já que estados com grandes polos automotivos pressionam por incentivos específicos. Assim, a proposta, se confirmada, valerá até 2026 e poderá incluir metas de produção e contrapartidas ambientais.
O setor demonstra expectativa positiva, mas especialistas ainda debatem a sustentabilidade do financiamento público. A equipe econômica avalia que os incentivos devem vir acompanhados de compensações fiscais ou ajustes em outros setores.