Aos 33 anos, Wesley Batista Filho representa a aposta da JBS para liderar o próximo ciclo global da companhia. Nascido no berço do maior império de proteína animal do mundo, o executivo é fruto de uma sucessão cuidadosamente planejada que alia tradição familiar, imersão operacional e perfil internacionalizado. No momento em que a JBS acelera sua internacionalização e ingressa na Bolsa de Nova York, o nome de Wesley Filho ganha peso nos bastidores e começa a ocupar espaço nas projeções estratégicas do mercado.
De estagiário no Colorado a CEO nos Estados Unidos
A preparação de Wesley Batista Filho para assumir posições de destaque no grupo começou cedo. Aos 19 anos, ele ingressou como estagiário em um frigorífico da JBS no estado do Colorado, nos Estados Unidos. A escolha não foi aleatória. A cultura da família Batista valoriza que os herdeiros conheçam o negócio “do chão de fábrica”. E Wesley Filho não apenas passou por essa etapa, como também demonstrou rapidez de aprendizado e aptidão para a gestão.
Com formação internacional em um internato na Suíça, onde se tornou fluente em quatro idiomas (inglês, espanhol, francês e alemão), Wesley trouxe para o grupo uma visão ampla desde o início. Logo após sua primeira experiência na planta americana, voltou ao Brasil para atuar na área de comércio exterior da empresa. Em apenas um ano, já comandava as operações da JBS no Paraguai e Uruguai, consolidando sua trajetória executiva.
Linha do tempo: a trajetória de Wesley Batista Filho na JBS
A seguir, veja os principais marcos da trajetória executiva de Wesley Batista Filho dentro do grupo JBS:
- 2011 – Inicia sua carreira como estagiário na unidade da JBS em Greeley, no estado do Colorado (EUA), trabalhando diretamente na linha de produção.
- 2012 – Atua na área de comércio exterior da JBS Brasil.
- 2013 – Assume o comando das operações da companhia no Paraguai e Uruguai.
- 2014-2015 – Torna-se presidente da JBS Canadá, em Calgary.
- 2016-2017 – Lidera a divisão Fed Beef da JBS USA, com foco na operação de carne bovina.
- 2018-2019 – Retorna ao Brasil como CEO da JBS Brasil.
- 2020 – Acumula a presidência da Seara Alimentos, unidade especializada em aves e suínos.
- 2022 – Nomeado presidente global de operações, com atuação em quatro continentes.
- 2023 – Assumiu como CEO da JBS USA, a principal divisão do grupo no mundo.
A cultura familiar como motor da governança da JBS
A trajetória de Wesley Batista Filho está diretamente conectada ao DNA da JBS como empresa familiar brasileira. A sigla da companhia homenageia José Batista Sobrinho, o “Zé Mineiro”, patriarca e fundador do frigorífico que deu origem ao império. Já o grupo J&F, controlador da JBS, leva as iniciais de José e Flora, pais de Joesley e Wesley Batista. A empresa de cosméticos do grupo, por sua vez, carrega o nome da matriarca: Flora.
Esse apego às raízes também molda a lógica sucessória do conglomerado. Nenhum herdeiro assume posições estratégicas sem antes ser testado em funções operacionais, administrativas e internacionais. O próprio Wesley Filho já passou por mais de cinco países em cargos executivos. Em 2023, tornou-se CEO da JBS USA, principal divisão de negócios da companhia, responsável por um faturamento anual superior a R$ 100 bilhões. Sua atuação reforça a governança corporativa da companhia em escala global.
Preparação técnica e discrição: o novo perfil Wesley Batista Filho
Se a geração anterior – especialmente os irmãos Joesley e Wesley – ficou marcada por escândalos de corrupção e exposição pública, a ascensão de Wesley Filho sinaliza uma mudança de postura. Em suas raras aparições, adota um tom discreto e técnico. Em uma das entrevistas concedidas, revelou que trabalha de 12 a 13 horas por dia e carrega um conselho paterno: ser o primeiro a entrar e o último a sair.
O estilo reservado, aliado ao domínio de operações em diferentes países e idiomas, tem conferido ao herdeiro não apenas respeito dentro da companhia, mas também reconhecimento fora dela. Recentemente, ele foi destaque no jornal norte-americano The Wall Street Journal, como um dos nomes a observar no setor global de alimentos. Sua liderança jovem é vista como um ativo importante para os próximos passos da multinacional.
Internacionalização e nova vitrine global
A ascensão de Wesley Batista Filho coincide com um dos marcos mais ambiciosos da história da JBS: sua entrada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Após quase uma década de tentativas e obstáculos regulatórios, a empresa brasileira finalmente teve suas ações listadas na maior vitrine de capitais do planeta.
A presença de Wesley Filho ao lado do avô José Batista Sobrinho e de outros membros da família no tradicional sino de abertura de negociações simbolizou mais do que um rito financeiro. Representou a transição da JBS para uma fase de governança mais madura, sem perder os vínculos com sua origem familiar. A internacionalização da JBS também reforça o papel estratégico da liderança global e da expansão internacional conduzida por nomes como Wesley Filho.
Próxima meta: SP500 e liderança global
Com a listagem concluída, o próximo objetivo da JBS é entrar para o índice S&P 500 – clube que reúne as 500 maiores empresas dos Estados Unidos. Para isso, será preciso mais do que robustez financeira: será necessário provar ao mercado que a companhia está alinhada com os padrões internacionais de transparência, sustentabilidade e inovação.
Nesse contexto, o preparo técnico e a experiência global de Wesley Batista Filho devem se tornar ativos estratégicos. Ele conhece o ambiente regulatório norte-americano, domina o idioma, já é CEO da operação mais lucrativa da companhia e vem ganhando musculatura para transitar com naturalidade entre investidores, analistas e stakeholders globais. O movimento reforça a presença da JBS no mercado global de alimentos.
Um império de US$ 77 bi e 281 mil vidas na responsabilidade de Wesley Batista Filho
Se vier a assumir o comando global da JBS, Wesley Batista Filho terá sob sua responsabilidade um grupo com dimensões continentais. Em 2024, a companhia registrou faturamento global de US$ 77,2 bilhões, com mais da metade desse valor vindo da operação norte-americana. Além disso, a JBS gera atualmente cerca de 281 mil empregos em todo o mundo, sendo mais de 100 mil somente nos Estados Unidos, Europa e Oceania.
Trata-se de uma estrutura com forte impacto econômico e social, que exige não apenas liderança operacional, mas também visão estratégica. Sua atuação poderá redefinir a sucessão empresarial na indústria da proteína animal. Ao reunir vivência global, fluência em diversos idiomas e histórico de entrega em múltiplas operações, Wesley Batista Filho parece reunir as credenciais exigidas para liderar esse novo ciclo da gigante brasileira.