Um escândalo de corrupção na Argentina ganhou força após o vazamento de áudios que citam Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei, em um suposto esquema de propina. Secretária-geral da Presidência, ela é acusada de se beneficiar de cobranças ligadas à compra de medicamentos para deficientes físicos pela rede pública. As revelações colocam o governo sob pressão às vésperas de eleições decisivas.
Propina milionária e a rede de influência no governo Milei
Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), afirma que havia cobrança de até 8% sobre contratos de farmacêuticas. O esquema poderia render US$ 800 mil por mês (R$ 4,3 milhões). Além disso, Karina Milei teria direito à maior fatia, entre 3% e 4% do faturamento. Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional, seria o operador político em articulação com empresários da distribuidora Suizo Argentina.
A denúncia atinge diretamente o discurso de Milei contra a “casta política”. Por isso, o presidente, que se elegeu prometendo combater privilégios e a corrupção, enfrenta agora suspeitas dentro de sua própria família.
Escândalo de corrupção na Argentina ganha dimensão judicial
O caso ganhou força na última semana, quando os áudios de Spagnuolo foram divulgados. No dia seguinte, ele foi demitido. Logo depois, a Justiça abriu investigação e realizou buscas na Andis e na Suizo Argentina. O advogado Gregorio Dalbón, ligado a Cristina Kirchner, apresentou denúncia formal e falou em “matriz de corrupção”.
Enquanto isso, o Congresso impôs novas derrotas ao governo. A derrubada do veto presidencial a uma lei que amplia recursos para pessoas com deficiência acentuou o desgaste institucional. Dessa forma, a crise combina perda de apoio político e aumento da pressão judicial.
Impacto eleitoral em Buenos Aires e no Congresso argentino
O escândalo de corrupção na Argentina acontece a duas semanas das eleições para a província de Buenos Aires e a dois meses das legislativas. Pesquisas recentes já indicavam queda na popularidade de Javier Milei. Assim, o caso pode aprofundar a desconfiança dos eleitores.
Ao aparecer publicamente ao lado da irmã, sem responder às acusações, Milei buscou transmitir apoio familiar. Porém, reforçou a associação de sua imagem à de Karina. Nesse cenário, a oposição tenta capitalizar o episódio. Em especial, o kirchnerismo destaca o contraste entre a retórica anticorrupção e as denúncias.
Crise política com escândalo de corrupção na Argentina
Analistas veem o episódio como um divisor de águas no governo argentino. Além de fragilizar a narrativa de integridade que sustentou Milei na campanha, o caso pode acelerar seu isolamento no Congresso. Portanto, a capacidade de articulação política pode cair ainda mais.
Se confirmado, o esquema de propinas na compra de medicamentos representará não apenas um revés administrativo, mas também ameaça ao projeto de poder de Javier Milei. Assim, a Argentina entra em um período em que a volatilidade política pode se traduzir em instabilidade institucional e econômica.









