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Desconfiança nos índices de inflação na Argentina e oposição a Milei

Desconfiança nos índices de inflação na Argentina atinge 67,4% da população. Pesquisa mostra rejeição aos números do Indec (Instituto Nacional de Estadística y Censos de Argentina) em meio à crise política, eleições legislativas de outubro e inflação acumulada de 36,6% em 12 meses.
índices de inflação na Argentina
A percepção dos índices de inflação na Argentina varia conforme a posição política. (Foto: Adobe Stock)

A inflação na Argentina deixou de ser apenas um número nos relatórios oficiais. Virou motivo de desconfiança da população. Quase sete em cada dez argentinos (67,4%) dizem que os índices não refletem o aumento real do custo de vida. O dado é da consultoria Zentrix e foi publicado em na terça-feira (26/08) pelo jornal Página12.

Para muitos, os preços no supermercado, no transporte e até no aluguel parecem contar uma história diferente da divulgada pelo governo.

Apenas 29,9% confiam no Indec (Instituto Nacional de Estadística y Censos), equivalente ao IBGE no Brasil. O levantamento mostra ainda que 64% da população avaliam a economia como negativa e mais de 40% classificam sua situação financeira como ruim ou péssima.

Polarização e desconfiança nos dados de inflação na Argentina

A crise de credibilidade é atravessada pela polarização política. Entre opositores do presidente Javier Milei, 94,4% não confiam nos números oficiais. entre seus eleitores, a desconfiança cai para 43,8%, embora 52,2% aceitem os índices do Indec. Na prática, a leitura sobre a inflação na Argentina varia mais pela bandeira política do que pela ida ao mercado.

O debate ganhou força após Marco Lavagna, diretor do Indec, confirmar que uma nova metodologia de cálculo está pronta. A atualização incluiria novos itens na cesta de consumo. No entanto, o governo adiou a aplicação para depois das eleições legislativas de outubro, numa tentativa de evitar turbulência política.

Inflação na Argentina pressiona Milei

Enquanto isso, Milei tenta avançar no Congresso com cortes de gastos. Enfrenta, porém, derrotas parlamentares e denúncias de corrupção envolvendo sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei. Mesmo tendo reduzido o ritmo herdado de Alberto Fernández, que deixou inflação anual de 160,9%, os números seguem altos. Em julho, a inflação foi de 1,9%, após 1,6% em junho, acumulando 36,6% em 12 meses. Para o consumidor comum, cada visita ao caixa continua sinalizando que a estabilidade ainda está distante.

Câmbio estável, custo social

Segundo Guillermo Hang, diretor de Macroeconomia do centro Suramericana Visión e ex-diretor do Banco Central argentino, a prioridade do governo é segurar o câmbio para conter preços. Em entrevista à agência Xinhua, ele afirmou que a meta de encerrar 2025 com inflação anual de 22,7% dificilmente será atingida. Persistir nessa trajetória pode trazer custo social elevado, com risco de protestos e desgaste político.

Na prática, a inflação na Argentina deixou de ser apenas um desafio econômico. Tornou-se também um teste de sobrevivência política para Milei. Ele precisa provar que pode controlar os preços sem sacrificar a confiança popular. Ao mesmo tempo, não pode perder apoio no Congresso.

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