O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025, mas a principal explicação está no consumo das famílias, que avançou 0,5% e manteve a economia em movimento mesmo sob juros altos. Esse componente representa 63,8% do PIB e confirma o papel central do gasto das famílias no crescimento.
Força do consumo das famílias no PIB
Os dados do IBGE reforçam a relevância do consumo doméstico:
- Consumo das famílias: +0,5% (63,8% do PIB)
- Taxa de desemprego: 5,8%, a menor desde 2012
- Rendimento médio: R$ 3.477, recorde histórico
- Bolsa Família: benefício médio de R$ 671,54 a 19,19 milhões de famílias
Para Pedro Brandão, especialista em finanças e CEO da CredÁgil, o quadro é de resiliência.
“O consumo das famílias segurou o PIB, mas isso ocorre num ambiente de juros altos e queda de investimentos. É como acelerar um carro em subida: o motor aguenta por um tempo, mas exige combustível constante.”
Juros altos frearam investimentos e governo
Enquanto o consumo das famílias avançou, o restante da demanda interna perdeu força. Os investimentos caíram 2,2% e os gastos do governo recuaram 0,6%. A taxa Selic em 15% ao ano trava projetos produtivos e desestimula parte do consumo. Nesse cenário, o consumo doméstico torna-se ainda mais determinante para o PIB.
Exportações em segundo plano diante do consumo das famílias
As exportações cresceram 0,7%, mas ainda não refletem o tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, em vigor desde agosto. O peso do setor externo, no entanto, é menor quando comparado ao consumo das famílias, que segue como motor da economia.
O risco de esgotamento do motor do PIB
O segundo trimestre mostrou que o consumo das famílias é a principal engrenagem do crescimento econômico brasileiro. Mas, como alerta Pedro Brandão, sem retomada de investimentos produtivos, esse modelo pode se esgotar. Se emprego e renda perderem fôlego, o gasto das famílias não sustentará sozinho a economia.