O saque da poupança em agosto disparou e consumiu R$ 7,6 bilhões, no pior resultado para o mês desde 2023. O Banco Central informou na última sexta-feira (05/09), que as retiradas superaram os depósitos pela segunda vez consecutiva, com retiradas de R$ 354,4 bilhões contra aplicações de R$ 346,8 bilhões. No acumulado de 2025, as perdas já somam R$ 63,5 bilhões, ritmo quinze vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Nesse contexto, o movimento reforça a perda de atratividade da aplicação mais popular do país. Ainda que R$ 6,5 bilhões em rendimentos tenham sido creditados no mês e o saldo total siga pouco acima de R$ 1 trilhão, o aumento no saque da poupança confirma que investidores optam cada vez mais por alternativas de maior rentabilidade.
Selic pressiona saque da poupança em agosto
A taxa básica de juros em 15% ao ano funciona como principal gatilho para os saques. Desde julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic nesse patamar, interrompendo um ciclo de altas iniciado em 2024. Por isso, títulos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e fundos de renda fixa passaram a entregar retorno muito superior, reduzindo ainda mais o espaço da poupança.
Além disso, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registrou déficit em agosto, com saída de R$ 4,67 bilhões, enquanto a poupança rural perdeu R$ 2,88 bilhões. Dessa forma, diferentes segmentos da caderneta sofrem pressão semelhante, consequência direta da competição com produtos de renda fixa.
Perspectivas
O histórico recente também reforça a tendência negativa. Em 2023, a saída líquida da poupança somou R$ 87,8 bilhões; em 2024, o déficit caiu para R$ 15,5 bilhões. Contudo, 2025 já apresenta deterioração acentuada, sinalizando que a aplicação perdeu força como opção de poupança das famílias.
Se a Selic permanecer elevada, a expectativa é de novos saques nos próximos meses. Para os bancos, isso implica menos recursos disponíveis para financiar crédito imobiliário. Para os correntistas, por sua vez, representa a necessidade de buscar alternativas que protejam melhor a renda diante da inflação e dos juros altos.









