A ligação entre Lula e Donald Trump, realizada na manhã desta segunda-feira (06/10), marcou a reabertura do diálogo econômico entre Brasil e Estados Unidos. O contato ocorreu após meses de tensão provocada pelo tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca a produtos brasileiros. Segundo o Palácio do Planalto, os dois líderes conversaram por cerca de 30 minutos e decidiram se reunir pessoalmente em breve.
Durante o telefonema, Trump comentou que o breve encontro com Lula na Assembleia Geral da ONU, no mês passado, foi uma das “poucas coisas boas” do evento. Crítico da organização, ele ironizou falhas na estrutura, mas fez elogios ao presidente brasileiro. Disse ter sentido uma “excelente química” entre os dois. Assim, a conversa foi vista por diplomatas como sinal de aproximação pessoal e pragmática entre os presidentes.
Ligações diplomáticas e equipe de negociação após ligação entre Lula e Donald Trump
No telefonema, Lula pediu a Trump a retirada das sobretaxas impostas a produtos brasileiros e o fim das sanções contra autoridades do país. Além disso, lembrou que o Brasil é um dos três países do G20 com os quais os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Esse argumento foi usado para reforçar o pedido de revisão das tarifas.
Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para conduzir as negociações. Por outro lado, Lula nomeou o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad para liderar o diálogo.
“Gostei da conversa — nossos países se darão muito bem juntos!”, afirmou o Trump nas redes sociais.
Diálogo econômico e próximos encontros
De acordo com o governo brasileiro, há três possibilidades de reunião entre os dois: a Cúpula da ASEAN, na Malásia; a COP30, em Belém (PA); ou uma visita oficial de Lula aos Estados Unidos. O objetivo é construir propostas técnicas para reduzir tarifas sobre produtos industriais e agrícolas. Enquanto isso, o Planalto busca ampliar a cooperação em energia e infraestrutura.
O vice-presidente Geraldo Alckmin considerou o diálogo “melhor do que o esperado”.
“Estamos otimistas de que vamos avançar. O presidente Lula destacou a disposição do Brasil para o diálogo e para a negociação”, disse Alckmin.
Cenário econômico e diplomático
O tarifaço de 50% atinge setores como siderurgia, agronegócio e manufaturados. Segundo economistas, a ligação entre Lula e Donald Trump é um passo importante para reaproximação diplomática e pode reduzir o impacto dessas tarifas sobre as exportações. Por fim, especialistas avaliam que uma eventual revisão das taxas fortaleceria o real frente ao dólar e aumentaria a competitividade brasileira no mercado norte-americano.