O comércio Brasil-Índia entra em nova fase com a missão liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que desembarca em Nova Délhi nesta quarta-feira (15/10) para uma agenda até o dia 17. O também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) conduz uma delegação público-privada voltada a ampliar exportações, investimentos e cooperação setorial entre os dois países. A visita sucede a reunião de julho entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, e reforça o plano bilateral de elevar as trocas comerciais a US$ 20 bilhões até 2030.
Atualmente, a Índia é o 11º destino das exportações brasileiras e o 6º maior fornecedor de produtos ao Brasil. Em 2024, o comércio Brasil-Índia somou US$ 12 bilhões, alta de 4,7% em relação a 2023. No período, o Brasil exportou US$ 5,26 bilhões, liderados por açúcares, petróleo e óleos vegetais, e importou US$ 6,8 bilhões, com destaque para compostos químicos, combustíveis e medicamentos. “O objetivo é expandir ainda mais o fluxo de comércio bilateral, que já é o sétimo maior do Brasil”, disse Alckmin.
Expansão do comércio Brasil-Índia e nova etapa da parceria
Entre as prioridades da missão está a ampliação do acordo de preferências tarifárias Mercosul–Índia, hoje restrito a cerca de 450 linhas tarifárias. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou o mandato para iniciar negociações com foco em reduzir tarifas e diversificar produtos exportados. Além disso, a missão integra os cinco eixos estratégicos definidos por Lula e Modi: defesa, segurança alimentar, transição energética, transformação digital e parcerias industriais.
A visita também marca a consolidação de uma nova etapa da Parceria Estratégica de Comércio Brasil–Índia, criada em 2006 e fortalecida em fóruns como BRICS, G20 e IBAS.
“Vou à Índia com espírito de abrir mercados e aumentar o comércio. Podemos ter muita complementaridade econômica e investimentos recíprocos”, afirmou o vice-presidente antes do embarque.
Setores estratégicos e cooperação tecnológica no comércio Brasil-Índia
A delegação brasileira inclui os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e José Múcio Monteiro (Defesa), além de empresários de agronegócio, energia, tecnologia, saúde e moda. Durante a visita, Alckmin se reunirá com ministros indianos da Defesa, do Comércio e Indústria e do Petróleo e Gás Natural, com foco em cooperação industrial e inovação tecnológica.
No campo da energia, Brasil e Índia fortalecem a parceria para produzir biocombustíveis e combustível sustentável de aviação (SAF). A Índia busca atingir 20% de etanol na gasolina, enquanto o Brasil já possui um modelo consolidado de integração produtiva. Por outro lado, na área da saúde, a cooperação com a indústria farmacêutica indiana deve fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e reduzir a dependência de insumos de poucos fornecedores. Dessa forma, a parceria vai além de só fortalecer relações de comércio Brasil-Índia. Ela busca contribuir para um sistema de suprimentos mais estável e diversificado entre as nações.
Fórum empresarial define novas metas do acordo
Na quinta-feira (16/10), Alckmin participa do Diálogo Empresarial Brasil–Índia, coordenado pelo Itamaraty, ApexBrasil, CNI e FICCI. O evento marcará a assinatura de um Memorando de Entendimento que cria o Fórum Empresarial de Líderes Brasil–Índia, voltado a aproximar os setores privados e propor recomendações sobre inovação, infraestrutura e investimentos.
A primeira reunião do fórum ocorrerá em 2026, durante a visita presidencial de Lula à Índia.
“Brasil e Índia têm ingredientes essenciais para a transição energética: tecnologia, escala e inclusão. Podemos crescer juntos e de forma sustentável”, destacou Alckmin.
Assim, o governo pretende transformar a cooperação comercial em resultados concretos para o desenvolvimento de longo prazo.
Novos caminhos para o comércio Brasil-Índia
O acordo de fortalecimento do comércio Brasil-Índia avança em ritmo constante, sustentado por uma agenda que combina diplomacia, inovação e investimento produtivo. A ampliação do acordo Mercosul–Índia pode abrir espaço para produtos brasileiros de maior valor agregado. Além disso, a cooperação em tecnologia e energia deve consolidar os dois países como polos de crescimento sustentável e inovação industrial.
No médio prazo, essa aproximação tende a fortalecer o papel do Brasil no eixo asiático e ampliar sua relevância global. Com isso, a parceria Brasil–Índia se afirma como um dos eixos estratégicos do Sul Global, capaz de unir escala produtiva, conhecimento tecnológico e propósito comum de desenvolvimento.