A queda do dólar americano dominou o mercado internacional nesta quarta-feira (15/10). O movimento ocorreu após declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed)—a Reserva Federal americana—que reforçaram a expectativa de cortes de juros ainda neste ano.
Às 05h36 (GMT), o índice do dólar recuava 0,2%, para 98,844 pontos, ampliando a desvalorização da véspera. O recuo refletiu a confiança de que o Fed reduzirá juros já nas próximas reuniões, iniciando um novo ciclo de estímulos.
O yen japonês avançou, levando o dólar a ¥151,23, após mínima de ¥151,005. Ao mesmo tempo, o yuan chinês se fortaleceu, negociado a ¥7,1284, depois de o Banco Popular da China fixar a taxa de referência mais valorizada em 11 meses. Esse ajuste impulsionou ainda mais a queda do dólar americano frente às moedas asiáticas.
Na Oceania, o dólar australiano subiu 0,4%, cotado a US$ 0,6514, e o dólar neozelandês avançou 0,1%, para US$ 0,5718. Ambos reagiram à perspectiva de uma política monetária menos restritiva nos Estados Unidos, o que tende a favorecer ativos de risco.
Queda do dólar americano e política do Fed
Em pronunciamento público na terça-feira (14/10), Powell afirmou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos segue com “baixa contratação e baixa demissão”. Segundo ele, o fechamento parcial do governo “ainda não impede a leitura da economia”.
As declarações consolidaram a expectativa de dois cortes de 0,25 ponto percentual: o primeiro em 28–29 de outubro, e o segundo em dezembro, isso conforme a provedora global de infraestrutura e dados para mercados financeiros, London Stock Exchange Group (LSEG). Já analistas do DBS Bank—um grupo financeiro líder na Ásia—classificaram o ambiente como “cenário Goldilocks”, com economia firme e política monetária mais suave. Por esse motivo, aprofunda a queda do dólar americano.
Reação das moedas asiáticas à queda do dólar americano
A política cambial chinesa ajudou a conter a volatilidade regional. Ao definir um yuan mais forte, Pequim mostrou disposição para estabilizar o comércio com Washington. Essa decisão contribuiu para a queda do dólar americano em toda a Ásia.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse à CNBC que “segue mantido o plano de encontro entre Donald Trump e Xi Jinping”. O anúncio reduziu tensões políticas e estimulou o apetite por risco. Mesmo com indefinição sobre o novo premiê japonês, investidores mantiveram interesse nas moedas regionais.
Já na Europa, o euro e a libra esterlina registraram ganhos de 0,1% e 0,3%, respectivamente. A suspensão da reforma previdenciária francesa trouxe alívio ao mercado e reforçou o enfraquecimento global do dólar americano.
Perspectiva para o novo ciclo cambial global
A recente queda do dólar americano pode inaugurar um ciclo mais longo de ajustes cambiais. Se o Fed confirmar os cortes de juros, moedas emergentes tendem a se valorizar com a entrada de capitais estrangeiros.
Devido a isso, postura coordenada entre o Federal Reserve, o Banco Popular da China e os bancos centrais da Oceania sugere uma fase de câmbio mais equilibrado em 2025. Por esse fator, a expectativa é de menor volatilidade e condições monetárias mais estáveis, o que reforça a transição para um ambiente global de juros moderados e liquidez crescente.