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Imposto sobre grandes fortunas rende US$ 3 bilhões extras e impulsiona orçamento de Massachusetts

O imposto sobre grandes fortunas, sobre rendas superiores a US$ 1 milhão, garantiu a Massachusetts uma arrecadação de US$ 3 bilhões acima do orçado em 2025. O resultado reforça o debate sobre o imposto sobre grandes fortunas nos EUA, ao mostrar ganhos fiscais expressivos sem fuga significativa de contribuintes de alta renda.
Pessoa faz cálculos financeiros com calculadora e planilha de impostos.
A discussão sobre o imposto sobre grandes fortunas reacende o debate sobre justiça fiscal e tributação de renda e patrimônio. (Imagem: Freepik)

A arrecadação do imposto sobre grandes fortunas em Massachusetts surpreendeu as projeções do governo ao gerar US$ 3 bilhões adicionais no ano fiscal encerrado em 30 de junho (30/06). O valor é mais do que o dobro do previsto pelos legisladores estaduais e consolidou o estado como um dos principais casos de sucesso de tributação progressiva nos Estados Unidos.

Só no exercício fiscal de 2024, a receita foi de cerca de US$ 2,5 bilhões, contra os US$ 1 bilhão orçados. Já em 2025, o montante chegou a valor estimado de US$ 3 bilhões, superando novamente as expectativas. Enfim, só em dois anos, o total acumulado de aproximadamente US$ 5,7 bilhões confirma a força da medida e o impacto sobre as finanças públicas.

O tributo, aprovado em 2022, aplica uma sobretaxa de 4% sobre rendas acima de US$ 1 milhão anuais. Pela lei estadual, os valores arrecadados são obrigatoriamente direcionados a educação pública, infraestrutura e transporte, reforçando o orçamento da Massachusetts Bay Transportation Authority (MBTA).

Imposto sobre grandes fortunas e competitividade regional

A medida transformou Massachusetts em referência para políticos progressistas. O candidato à prefeitura de Nova York Zohran Mamdani citou o modelo como exemplo de política redistributiva eficaz, defendendo sua adoção em outros estados com forte concentração de riqueza.

A governadora Maura Healey tem usado parte do superávit para equilibrar o orçamento e compensar cortes federais em pesquisa científica. Já o Tax Foundation mostra que Massachusetts possui uma das maiores alíquotas de imposto de renda estadual dos Estados Unidos — e ainda assim conseguiu manter sua base de alta renda relativamente estável.

Ranking de maiores alíquotas estaduais de imposto de renda (2025):

  • Califórnia – 13,3%
  • Havaí – 11%
  • Nova York – 10,9%
  • Nova Jersey – 10,75%
  • Washington D.C. – 10,75%
  • Oregon – 9,9%
  • Minnesota – 9,85%
  • Massachusetts – 9%

O economista Evan Horowitz, diretor do Center for State Policy Analysis da Tufts University, avaliou que “as pessoas que achavam que esse imposto seria um tiro pela culatra terão que admitir agora que ele gera uma quantidade substancial de receita adicional”.

Reações empresariais e sustentabilidade do modelo

Parte do empresariado continua desconfiada do imposto sobre grandes fortunas. O ex-CEO da Putnam Investments, Robert Reynolds, mudou-se para a Flórida após a aprovação da sobretaxa, afirmando que ela “obriga você a tomar uma decisão mais cedo”. Ainda assim, casos como o dele são exceções.

Outros empresários preferem permanecer. Já Josh Isner, presidente da Axon Enterprise, afirmou que “Boston gera pessoas supertalentosas” e que o custo tributário é compensado pela força acadêmica e tecnológica local.

Entre os fatores que explicam a permanência de investidores e executivos no estado estão:

  • a concentração de universidades e centros de inovação;
  • a qualidade dos serviços públicos;
  • e a valorização imobiliária, que mantém a base tributável elevada.

Pesquisas mostram que o número de milionários em Massachusetts cresceu 39% entre 2022 e 2024, embora o dado reflita riqueza patrimonial, e não renda tributável. Estudos empresariais apontam maior migração para outros estados, mas sem comprovação estatística de relação direta com o novo imposto.

Situação do imposto sobre grandes fortunas no Brasil

No Brasil, o imposto sobre grandes fortunas está previsto na Constituição Federal desde 1988, mas nunca foi regulamentado por lei complementar. A União detém a competência para criá-lo, porém a ausência dessa regulamentação impede sua cobrança.

O tema ressurgiu com a reforma tributária aprovada em 2024, mas acabou excluído do texto final. Especialistas em finanças públicas afirmam que a criação do IGF poderia gerar bilhões anualmente, dependendo da faixa de incidência. No entanto, há receio de que sua aplicação sem mecanismos de controle eficientes incentive evasão patrimonial e realocação de capitais.

A ausência do imposto mantém o Brasil dependente de tributos sobre consumo e renda, com baixa incidência sobre riqueza acumulada. O contraste com Massachusetts evidencia o quanto o debate brasileiro segue travado entre o discurso da justiça fiscal e as restrições políticas e técnicas que impedem o avanço da medida.

Entenda mais:

Novos rumos para o imposto sobre riqueza

O caso do imposto sobre fortunas de Massachusetts reforça que políticas de tributação progressiva podem gerar ganhos fiscais sem provocar êxodo imediato de contribuintes. O superávit obtido vem financiando transporte, educação e pesquisa, transformando o estado em modelo de arrecadação sustentável.

Enquanto isso, o Brasil ainda busca consenso sobre como tributar a riqueza de forma eficiente. A distância entre a prática americana e a realidade brasileira mostra que o desafio não é apenas econômico, mas também político — e que a discussão sobre o imposto sobre grandes fortunas ainda está longe de se encerrar.

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