As relações de comércio entre Brasil e China alcançaram um novo patamar em 2025, impulsionado pela soja e pela expansão de investimentos chineses em infraestrutura e indústria. Dados recentes apontam que o Brasil consolidou a liderança global nas exportações do grão, com cerca de US$ 35 bilhões em vendas para a China só em 2024, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, superando em larga margem os Estados Unidos.
A relação bilateral, marcada por uma interdependência crescente, se estende muito além da agricultura. A estatal chinesa COFCO já investiu US$ 2,3 bilhões no Brasil desde 2014, incluindo um terminal portuário em Santos com capacidade para 14 milhões de toneladas anuais. Paralelamente, as exportações chinesas de fertilizantes para o país somaram US$ 18 bilhões em 2023, quase três vezes o volume de 2018, consolidando o elo entre os dois maiores players do agronegócio global.
Comércio entre Brasil e China se diversifica com indústria e tecnologia
O avanço industrial reflete uma nova fase da parceria de comércio entre Brasil e China. A BYD, gigante da mobilidade elétrica, inaugurou uma fábrica na Bahia com previsão de gerar 20 mil empregos, no mesmo terreno que abrigava a antiga planta da Ford. No setor de serviços digitais, a plataforma Meituan anunciou um aporte de US$ 1 bilhão para estrear no mercado brasileiro de delivery. Ambos os casos servem de exemplo do fortalecimento da presença tecnológica da China no país.
Enquanto isso, Pequim segue expandindo sua influência logística. A proposta de construir um corredor ferroviário entre o Atlântico e o Pacífico, ligando o Brasil ao Peru, promete reduzir custos de transporte e diminuir a dependência do Canal do Panamá. Segundo analistas, o projeto faz parte da estratégia chinesa de assegurar autossuficiência alimentar e rotas comerciais alternativas.
A soja segue como pilar da relação bilateral
Apesar da diversificação, a soja continua sendo o eixo do comércio bilateral Brasil-China. Desde a guerra comercial iniciada por Donald Trump, Pequim intensificou as compras do Brasil e reduziu a dependência dos Estados Unidos. Hoje, cerca de 70% da soja exportada pelo Brasil tem a China como destino. O governo chinês fornece inclusive monitoramento via satélite para rastrear o desmatamento em áreas agrícolas, medida que garante maior transparência às importações.
Para economistas, o Brasil colhe ganhos expressivos dessa reconfiguração global, mas também se torna mais exposto às flutuações da demanda chinesa. A liquidação de parte das transações em yuan, já adotada por bancos centrais de ambos os países, reforça a tendência de desdolarização do comércio internacional. Além disso, aprofunda o vínculo econômico entre as duas potências.
Perspectivas do intercâmbio comercial Brasil–China
A expansão da relação de comércio entre Brasil e China representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. A dependência crescente das exportações para a China pressiona o Brasil a buscar diversificação de mercados e maior valor agregado em seus produtos. No entanto, o avanço dos investimentos chineses em energia, transporte e tecnologia indica que a parceria tende a se ampliar.
Especialistas apontam que o próximo ciclo comercial deve incluir integração industrial e tecnológica, unindo cadeias de valor em setores como automóveis elétricos, biocombustíveis e inteligência artificial. O comércio entre Brasil e China, portanto, consolida-se como um dos eixos estruturantes da economia global. Portanto, neste cenário, o Brasil pode entrar como protagonista em um tabuleiro de poder econômico em transformação.








