A política monetária da Argentina ganhou novo formato após decisões divulgadas em abril. Nesse processo, a Argentina passou a priorizar agregados monetários, redefinindo a atuação do Banco Central da República Argentina (BCRA) e marcando fase inédita de ajuste institucional. O governo Milei atribuiu ao comando de Santiago Bausili a missão de reorganizar o balanço, reduzir distorções e alinhar política fiscal e monetária, enquanto o país avança, neste mês de novembro de 2025, para eliminar os últimos controles cambiais ainda existentes, segundo autoridades econômicas locais.
A fase atual do ajuste monetário ocorre em um ambiente de juros mais baixos e câmbio redesenhado pelo BCRA:
- A taxa básica foi reduzida para 29%, agora definida pelo mercado.
- O novo arranjo busca ampliar previsibilidade no processo de desinflação e reforça a política monetária da Argentina.
- O crawling peg foi encerrado e substituído por uma banda de 1.000 a 1.400 pesos por dólar.
- A mudança elevou a flexibilidade cambial dentro do novo regime monetário.
- Em novembro, as reservas internacionais registraram cerca de US$ 40,7 bilhões, nível considerado sensível por analistas.
Política monetária da Argentina e o balanço do BCRA
O ponto de partida da guinada foi a limpeza do balanço do BCRA, destacada por Kimberly Sperrfechter, da Capital Economics, ao afirmar que “Bausili fez bom trabalho ao reorganizar os passivos e interromper a monetização do déficit”.
Esse eixo integra a política monetária da Argentina ao novo modelo, no qual acordos de recompra com bancos internacionais reforçam liquidez e sustentam o regime de agregados monetários. A adoção de juros endógenos buscou reduzir interferências diretas e aproximar decisões das condições de mercado, enquanto o Ministério da Economia negou, em novembro, rumores sobre ajustes imediatos na banda cambial vigente.
Com esse arranjo, a expansão do crédito privado ganhou tração. Ash Khayami, da BMI, analisa que “o BCRA complementou o aperto fiscal com redução de juros, favorecendo o crédito e apoiando o ciclo de estabilização”.
Essa leitura fortalece a percepção de que a política econômica argentina passou a operar de forma mais integrada ao ajuste fiscal, o que amplia a coerência do novo quadro monetário. Apesar disso, consultorias internacionais alertam que, sem nova injeção de recursos externos, o nível de reservas utilizáveis poderá enfrentar pressão no início de 2026.
Desafios do câmbio na Argentina
Apesar dos avanços, o câmbio permanece um ponto estrutural. Sperrfechter observa que “o peso ainda parece valorizado para nossas métricas”, o que pressiona reservas e exige calibragem contínua da política monetária da Argentina. A flexibilidade cambial pode corrigir parte desse desalinhamento, embora o país ainda dependa de ajustes para recuperar competitividade externa.
O BCRA (Banco Central da Argentina) voltou a intervir no mercado de câmbio do país em 18 de setembro. Em boletim diário, a autoridade monetária informou ter vendido US$ 379 milhões ao longo do dia. Segundo a analista de economia da CNN Débora Oliveira, essa intervenção vêm após as sucessivas derrotas políticas sofridas pelo presidente Javier Milei.
Confira no vídeo mais informação sobre intervenção argentina no câmbio:
Rumo a um arcabouço monetário mais estável
Esse cenário evidencia que a reconfiguração da política monetária avança com ganhos institucionais, mas exige continuidade técnica para consolidar o arcabouço. A transição para metas de agregados monetários cria oportunidade de fortalecer credibilidade, desde que coordenada ao câmbio flexível e ao controle fiscal.
A evolução do BCRA será decisiva para sustentar inflação em queda e reduzir incertezas, completando página central da política monetária da Argentina nos próximos meses, sobretudo diante da projeção de reservas usáveis mais apertadas em 2026.











