A Operação Compliance Zero avançou nesta quinta-feira (20/11) com o anúncio da PF sobre a retenção de R$ 230,13 milhões em bens, em meio à apuração sobre carteiras de crédito supostamente sem lastro envolvendo o Banco Master e o BRB. A ação policial, deflagrada em 18/11, elevou o nível de escrutínio sobre transações bilionárias entre as duas instituições.
Segundo a corporação, foram recolhidos:
- R$ 9,2 milhões em veículos;
- R$ 2 milhões em espécie;
- R$ 6,15 milhões em relógios;
- R$ 12,4 milhões em obras de arte;
- R$ 380 mil em joias;
- Além de uma aeronave avaliada em R$200 milhões
As medidas também incluíram cinco prisões preventivas, duas temporárias e 25 mandados de busca e apreensão. Entre elas, as detenções de Daniel Vorcaro, que permanece preso por decisão da Justiça Federal após recorrer, e Augusto Lima. Relatos de fontes especializadas indicam que o grupo teria criado cerca de 20 títulos de crédito falsos, usados para justificar uma transferência de R$ 12,2 bilhões do BRB para o Master.
Operação Compliance Zero e o avanço das apreensões
Na investigação federal, a PF descreve o conjunto de bens retidos como parte de um aprofundamento das análises sobre carteiras consideradas insubsistentes. Isso porque itens de alto valor, como obras de arte e relógios, ampliam a compreensão sobre a estrutura patrimonial dos alvos investigados.
A Operação Compliance Zero ganhou ainda mais peso após o diretor-geral da PF, Andrei Passos, classificar o caso como uma “fraude estimada em R$ 12 bilhões”. Nesse sentido, o volume recolhido funciona como termômetro para a percepção de risco no mercado financeiro.
Até agora, os detidos pela investigação federal são:
- Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master;
- Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Banco Master;
- Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia do Banco Master;
- Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria do Banco Master;
- E Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio do Banco Master.
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Saiba mais sobre o esquema investigado pela Operação Compliance Zero assistindo ao vídeo abaixo:
O elo entre o Banco Master e o Banco de Brasília (BRB)
As apurações de imprensa apontam que os títulos falsos serviram para sustentar operações vultosas entre o BRB e o Master. Esse elo passou a ser examinado em detalhes pela CPI do Crime Organizado, onde a PF apresentou os números preliminares da investigação.
Portanto, o certo é que a conexão entre carteiras sem lastro e transferências bilionárias reacende discussões sobre mecanismos de validação utilizados por bancos médios e as consequências para a governança interna.
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Repercussões e leitura do caso pela investigação federal
Entre os desdobramentos adicionais da Operação Compliance Zero, o caso destacou a trajetória de Augusto Lima, ex-CEO do Master, que migrou ao setor financeiro após a privatização da Ebal, administradora do Credcesta. Além disso, documentos enviados à Assembleia Legislativa da Bahia mostram que o produto atendia cerca de 6 milhões de servidores em 2018, moldando sua atuação no segmento de crédito consignado.
Portanto, à medida que a operação da PF avança, temas como títulos de crédito, governança bancária e ativos de luxo, seguem no radar do mercado. Reforçando, inclusive, a expectativa de ajustes regulatórios e maior vigilância sobre fluxos internos de crédito no país.











