A queda nas ações da Hapvida (HAPV3) após o fraco resultado do 3T25, divulgado em 13/11, redesenhou expectativas para o desempenho da operadora. O recuo forte dos papéis expôs dúvidas sobre a capacidade da companhia de equilibrar custos assistenciais e expansão, o que motivou o Itaú BBA a reavaliar sua leitura do curto prazo. O banco reduziu o preço-alvo de R$ 66 para R$ 22 e adotou postura mais cautelosa, após identificar deterioração nos números trimestrais.
Esse ajuste partiu dos sinais de desalinhamento entre o valor dos contratos e a estrutura atual de despesas médicas. Segundo o BBA, o resultado mostrou menor previsibilidade para recompor margens, enquanto investidores acompanharam aumento no uso dos serviços e dificuldades para diluir parte da estrutura fixa. Como consequência dos resultados do 3T25, as estimativas passaram por revisão mais conservadora.
Queda nas ações da Hapvida e competição no Sudeste
A pressão competitiva no Sudeste é um componente central para a queda nas ações da Hapvida. Nesse sentido, analistas apontam o avanço da Amil em São Paulo, especialmente com o produto Bronze, apoiado por marca consolidada e rede própria. A entrada mais forte dessa concorrente reduziu a capacidade da Hapvida de acelerar adições líquidas, etapa vital para amortizar a expansão de hospitais e clínicas realizada ao longo do ano.
Esse ambiente mais disputado gera maior uso dos serviços e eleva o custo por beneficiário. Embora exista margem para ajustes em grandes contas e em regiões onde a operadora mantém presença mais sólida, o efeito tende a ocorrer de forma mais gradual. Diante disso, analistas comentam que o intervalo para recompor rentabilidade ficou mais estreito.
Confira a análise da queda recorde da Hapvida feita pelo BTG Pactual:
Projeções do BBA após desvalorização da Hapvida
Apesar da atual queda nas ações da Hapvida, as projeções atribuídas ao BBA mostram um avanço gradual nos indicadores operacionais e financeiros da companhia. Segundo o banco, apesar dos resultados atuais, o ciclo previsto é de crescimento moderado, com melhora concentrada no resultado final. Os principais números estimados incluem:
- Receita líquida: R$ 30,8 bilhões em 2025; R$ 33 bilhões em 2026; R$ 35,3 bilhões em 2027.
- Sinistralidade (MLR): estabilidade em patamar elevado, próxima de 74% ao longo do período.
- EBITDA ajustado: expansão progressiva, chegando a R$ 3,9 bilhões em 2027.
- Lucro líquido ajustado: avanço de R$ 593 milhões em 2025 para R$ 1,15 bilhão em 2027, conforme ajustes comerciais começam a refletir nos contratos.
Apesar da melhora esperada, a recomposição das margens depende da evolução das adições líquidas e da recuperação do desempenho comercial. O BBA aponta que a competição regional e o uso elevado dos serviços reduzem a visibilidade para esse processo, o que se reflete nos múltiplos projetos para os próximos anos.
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Perspectiva e efeitos sobre o valor de mercado
O atual cenário de desvalorização da Hapvida reúne custos persistentes, aumento da disputa regional e desafios para diluir a estrutura operacional, segundo o BBA. Mesmo com sinais iniciais de estabilização do gasto médico, a capacidade da empresa de fortalecer eficiência e recuperar espaço em áreas estratégicas seguirá definindo o comportamento dos papéis.
Nesse ambiente, a dinâmica competitiva no Sudeste e a reação comercial da operadora devem orientar o ritmo da queda nas ações da Hapvida, que permanece no foco de analistas e gestores.











