A suspeita de desvio de recursos da saúde motivou, na última terça-feira (24/11), a deflagração da Operação Paralelo Cinco, ação da Polícia Federal (PF) que atingiu os hospitais municipais de Jaguari, no Rio Grande do Sul (RS) e Embu das Artes, em São Paulo (SP).
A apuração concentra-se em mais de R$ 340 milhões repassados ilicitamente para a gestão das duas unidades, administradas por um grupo empresarial de Porto Alegre. Além disso, investigação aponta irregularidades desde o início de 2024 e levou a medidas urgentes determinadas pela Justiça.
Segundo documentos reunidos pelos investigadores, valores destinados aos serviços hospitalares eram enviados para contas sem relação comprovada com a atividade pública. Esse padrão chamou a atenção porque surgia acompanhado de despesas incompatíveis com o contrato municipal, como aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens e remunerações sem comprovação de serviço prestado. O conjunto de evidências levou ao bloqueio de R$ 22,5 milhões e à apreensão de 53 veículos, 14 imóveis e uma embarcação.
Desvio de recursos da saúde e ações imediatas
A operação contra desvios de recursos públicos destinados à saúde também cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e resultou em duas prisões preventivas. As decisões judiciais suspenderam atividades de investigados e restringiram o acesso deles a órgãos públicos. Para garantir continuidade dos atendimentos, o Juízo das Garantias determinou a intervenção direta nos hospitais, com administradores provisórios nomeados para recompor a governança das unidades.
A PF divulgou nota afirmando que:
“Os valores repassados eram rapidamente pulverizados para dezenas de contas (…) alimentando um sofisticado esquema de ocultação e dissimulação financeira”.
A corporação também identificou uso de empresas de fachada e notas fiscais forjadas, prática que, segundo especialistas, costuma revelar irregularidades financeiras na saúde e brechas na fiscalização de contratos municipais.
Fragilidades expostas com desvio de verbas públicas da saúde
A estrutura terceirizada permitiu que repasses fossem executados sem verificação adequada, o que pressiona municípios a revisar modelos de contratação. Como o caso envolve estados distintos, o debate sobre governança hospitalar ganhou adesão de gestores públicos que acompanham o impacto do episódio. A avaliação de analistas é que o episódio tende a gerar revisões contratuais e aumento das exigências de auditoria.
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Revisão necessária diante do desfalque público
O caso de desvio de recursos da saúde identificado pela PF reacende discussões sobre integridade administrativa. Além disso, revela como práticas de desfalque público comprometem serviços essenciais. Relatórios recentes de órgãos de controle indicam que falhas de monitoramento podem ampliar riscos quando contratos são descentralizados sem instrumentos sólidos de verificação.
Embora a investigação ainda evolua, episódios de desvio de recursos da saúde costumam desencadear ajustes regulatórios e elevar a cobrança por transparência. E isso com certeza reforça a necessidade de modernização dos mecanismos de supervisão financeira.











