Um grupo de ararinhas-azuis infectadas encontradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), este mês, pertenciam ao último conjunto da espécie que vivia livre no Brasil. O instituto confirmou circovírus nos 11 indivíduos recapturados na Caatinga, região do Nordeste, encerrando a fase mais avançada da reintrodução. A detecção ocorreu após decisão judicial que determinou o recolhimento das aves.
Segundo o ICMBio, a disseminação está ligada ao manejo adotado no criadouro Blue Sky, onde os animais passaram antes da soltura. Técnicos identificaram falhas de higiene, comedouros inadequados e falta de equipamentos de proteção. A autarquia afirma que apenas um exemplar apresentava resultado positivo inicialmente, mas o não isolamento favoreceu a propagação. Pela negligência constatada, a empresa foi multada em R$ 1,8 milhão.
Ararinhas-azuis infectadas e o impacto sobre uma espécie já extinta na natureza
A ararinha-azul é considerada extinta na natureza desde 2000, e a reintrodução na Bahia representava a primeira possibilidade concreta de restabelecer uma população autossustentável. Embora existam pouco mais de 300 indivíduos mantidos em programas globais, o número é insuficiente para garantir estabilidade demográfica ou segurança genética. Por isso, a perda de qualquer grupo em vida livre gera preocupação imediata.
Nos últimos anos, o avanço de centros especializados permitiu o nascimento de filhotes no Brasil e a adaptação de aves soltas no território baiano. A interrupção atual força uma revisão técnica da estratégia, já que cada etapa da reintrodução depende de rigor sanitário e monitoramento contínuo.
Caso das ararinhas-azuis doentes revela riscos para espécies nativas
O ICMBio alerta que o circovírus, comum em populações de psitacídeos (família de aves que inclui papagaios e periquitos) da Austrália e raro no sertão baiano, pode alcançar espécies nativas. O circovírus é um vírus altamente contagioso que afeta animais como suínos e aves. Entre suas principais características, temos:
- Doença que pode causar: Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos (PBFD).
- Sintomas apresentados: Alterações nas penas (descoloração, má-formação) e no bico, podendo ser fatal.
- Métodos de transmissão: Ocorre por aerossóis, pelo pó das penas ou por contato direto com superfícies contaminadas.
- Formas de Controle: A doença não tem tratamento efetivo, e a eutanásia pode ser indicada. Medidas rigorosas de higiene, quarentena e desinfecção são essenciais para evitar a disseminação.
Em decorrência do caso que deixou as ararinhas-azuis infectadas, o ICMBio reforçará barreiras sanitárias e revisará autorizações de criadouros envolvidos em iniciativas de conservação. Tudo no intuito de reduzir o risco de transmissão a outras aves da região.
Perspectiva para programas futuros de conservação da ararinha
A situação das ararinhas-azuis infectadas reacende debates sobre governança, biossegurança e fiscalização em projetos de reintrodução. Como a espécie já enfrentou a extinção na natureza, especialistas destacam que o futuro dependerá da capacidade de fortalecer protocolos e assegurar condições mais estáveis para novas solturas.
O episódio apontado pelo ICMBio pressiona o setor a elevar padrões de manejo, criando bases mais seguras para uma retomada gradual da proteção da ararinha na Caatinga.











