O governo federal passou a avaliar ajustes na meta fiscal das estatais para 2026 diante do avanço do rombo dos Correios, segundo relatos internos obtidos pela imprensa. A discussão ganhou força após o empréstimo de R$ 20 bilhões aprovado pela estatal, que aliviou o caixa no curto prazo, mas ampliou as despesas primárias relacionadas ao plano de reestruturação. Esse desequilíbrio abriu uma nova rodada de análise sobre a capacidade do limite atual acomodar os custos do programa.
Embora os recursos do empréstimo sejam contabilizados como receita financeira, as saídas decorrentes dele entram como despesa primária, criando pressão sobre o resultado das estatais. Nesse cenário, integrantes do governo consideram que repetir o bloqueio de R$ 3 bilhões aplicado em 2025 seria politicamente inviável em ano eleitoral. O déficit autorizado pelo Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), fixado em R$ 6,75 bilhões, passou a ser visto como insuficiente para sustentar as medidas adotadas pelos Correios.
Rombo dos Correios amplia pressão fiscal
O plano de reestruturação da estatal envolve desligamentos voluntários, quitação de dívidas, regularização de pendências e modernização operacional. Cada uma dessas etapas amplia a exigência por recursos e, portanto, pressiona o teto previsto para 2026. Interlocutores afirmam que a tendência é ampliar o limite de déficit das estatais, desde que a empresa apresente um cronograma detalhado para execução das medidas, algo considerado fundamental para justificar qualquer flexibilização.
Nesse contexto, o rombo dos Correios tornou-se elemento central na avaliação da governança fiscal das estatais. Mesmo que as metas dessas empresas sejam calculadas separadamente da meta do governo central, analistas ouvidos pela imprensa apontam que um déficit maior pode afetar a percepção sobre a dívida pública. Isso ocorre porque, apesar da separação formal, o desempenho das estatais compõe o quadro mais amplo da política fiscal.
Crise dos Correios e impacto político-fiscal em 2026
A possibilidade de revisão divide integrantes da equipe econômica, já que parte do governo teme desgaste com investidores em meio ao esforço para reforçar previsibilidade. A meta do governo central para 2026 projeta superávit de 0,25% do PIB, com margem para déficit zero, e qualquer sinal de flexibilização exige cuidado.
Assim, no contesto do déficit dos Correios, a calibragem do resultado das estatais tornou-se um teste de equilíbrio entre as necessidades operacionais do setor público e a manutenção da confiança no arcabouço vigente.
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Ajustes diante do déficit crescente
Esse debate avança em paralelo à atualização das projeções da estatal, que serão determinantes para definir o novo limite fiscal. Como o rombo dos Correios pressiona o planejamento de médio prazo, o governo tenta alinhar apoio à reestruturação com transparência, em um ambiente em que o déficit postal influencia expectativas sobre a trajetória da política fiscal.
A discussão tende a se intensificar na elaboração final do orçamento, já que a revisão da meta das estatais poderá redefinir a leitura do mercado sobre o ritmo de consolidação em 2026.











